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As pétalas saradas das rosas ungidas. Mulheres evangélicas fizeram história em uma noite de sexta-feira 13 em Timóteo

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Lideranças femininas de vários lugares do Vale do Aço se reuniram em Timóteo, sob a coordenação do círculo de oração da Assembleia de Deus do João XXIII.

O 1º Encontro para Mulheres – Mulheres Ungidas, Feridas Curadas, ocorrido na noite da sexta-feira, 13,  no Salão Berakhá, no bairro Olaria, em Timóteo, tem tudo para constituir-se num divisor de águas de um ministério, onde , aliás, esta classe tem se comportado como coluna. Reunidas, cerca de 260 mulheres, ali espontaneamente, sem a  preocupação da cobrança de  terem que comparecer ao evento, deram lição de ousadia em termos de ajuntamento sem a interferência de nenhuma liderança masculina, sendo essa solidária, justa ou daquela que arrota prepotência e sabedoria, bem ao estilo machão.

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Elenice espalha pétalas no salão.

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Por volta das 19h, numa sexta-feira 13, o local já estava repleto de mulheres, provenientes de vários ministérios, bairros, cidades e faixas etárias. Uma das  expectativas delas, certamente, era no sentido de qual seria o desfecho de um encontro que se daria com a presença de “vasos”,  aqui podendo ser definidas, assim, aquelas mulheres que resistiram a um tempo de limitações com relação aos  tipos e locais utilizados para suas orações, as quais sobreviveram espiritualmente, se projetando como celebridades que pagaram o preço de romperem com costumes e dogmas, muitos deles alvejando montes e casas que se transformavam em verdadeiras igrejas. Nomes como os de Socorro, Denisia, Marlene, Sueli , Sandra, Raquel, Márcia, Edite, Cidinha e outros se viram lado a lado em uma noite memorável e em um ambiente onde liberariam suas ações de mulheres-vasos. Ali não estava em disputa a fragrância do melhor perfume, o detalhe do melhor costureiro ou costureira e nem a sensibilidade do melhor acessório. Reinava, naquele salão, o desejo de soltar algo como um grito que estava  parado na garganta. As interrogações de uma época de incertezas em igrejas e ministérios retaliam mulheres como aquelas que se deslocaram de suas respectivas moradias para se unirem em uma reunião sem estrelas, sem valises e cheiro de aviões. Sem curriculuns falsificados e passados maquiados. Aquelas donzelas, na sua maioria contrariando as críticas de que estão povoando os templos com sensualidade, estavam dispostas a romperem a noite numa confraternização entre si, tal como uma catarse de quem clama por melhorias espirituais, desde os púlpitos até os lares, ou desde os lares até os púlpitos. Os olhos daquelas donzelas não passeavam à procura de olheiros e espiões, mesmo que ali estivesse  alguém se prestando a esta fétida ação.

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A direção do I Encontro para Mulheres coube a Sueli, esposa do Pb. Ronaldo e Elenice, esposa do Pr. Anderson, ambas da congregação do bairro João XXIII, responsável pelo evento. Louvores intercalados com orações fervorosas e muita expressão de avivamento marcaram o ambiente, saturado por glórias a Deus e aleluias, todas no timbre feminino de vozes diversas, entre as quais as  da equipe “Adoradoras do Rei” . Elas se entregaram na liturgia improvisada que rendeu tributos ao Rei dos Reis. Parecia que o mundo era feito só para elas naquele momento. Se não o mundo, pelo menos o universo daquele amplo espaço se fez num céu para elas.

O  número deste ser que encantou Salomão surpreendeu até pelo fato de ser uma novidade, o que, na maioria das vezes, é recebido com fortes resistências e críticas. A quantidade de mulheres oriundas de bairros de Coronel Fabriciano, por exemplo, dava, à uma mente fértil, a tentação de imaginar uma espécie de pacto entre as duas cidades pela sede e iniciativa de um avivamento. Ali estava Denisia, mulher que vem se projetando na “Tarde da Bênção”, em Melo Viana, que tem muito de experiência para passar para suas amigas de Timóteo. Socorro era outra com vasta bagagem em termos de mobilização de companheiras, em ações de avivamento e evangelismo.  No salão se via, ainda, a missionária Elma, da Igreja do Evangelho Quadrangular, Michele, esposa do Pr. Nordinei, da Igreja Batista Apostólica Memorial; Nilcilene, esposa do Pr. Francisco, presidente da regional do Vale do Aço da Assembleia de Deus do Taboão e outras celebridades que fugiram de nosso flash, mas que têm no histórico de vida a dedicação a causas nobres onde estão plantadas, florescendo com rosas entre espinhos.

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O momento mais esperado, sem dúvida, aconteceu a partir das 20h20, quando adentrou o salão a preletora Teka Breder. Mais chique do que o sobrenome era sua gama de conhecimento a respeito de mulheres, em suas diversas áreas. Teka despertou curiosidade assim que chegou. Sisuda, não sorriu e foi logo preparando os recursos audiovisuais que utilizaria na sua palestra. Com abundância de decência no traje, Teka, assim que iniciou sua preleção, deu sinais de grave contraste entre a Teka que chegou e aquela que estava de posse do microfone e que arrancaria gargalhadas pelo que diria da forma como diria.

Como se estivesse em uma sala cheia de meninas, a preletora convidou todas para um “aquecimento”. As mulheres, acompanhando Teka, repetiam as frases da  conhecida música “Homenzinho Torto”, de Aline Barros, adaptada, naquela hora para o ser em questão.  A performance das “meninas”, que interpretaram “mulherzinha torta”valeu um presente para aquela que, com mais perfeição, ilustrou uma mulher bem torta, não ficando devendo nada à letra da música.  A “mais torta da noite” foi da Assembleia de Deus do bairro Olaria, cujo nome será preservado para que ela não fique mais torta ainda.

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Nilcilene, esposa do Pr. Francisco Fialho, presidente das Assembleias de Deus do Taboão, região do Vale do Aço.

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Sueli, uma das coordenadoras do evento.

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A mensagem de Breder foi contundente em todos os seus aspectos. Ela falou sobre o que vive. Era uma médica falando sobre parto. A preletora não poupou expressões bem populares para ilustrar sua mensagem. O biombo do falso moralismo cedeu lugar à autenticidade de quem precisava ser entendida. Algumas ficaram coradas diante de tantas verdades escondidas em tantos detalhes, capazes de retratar com tanta perfeição o dia a dia daquelas tantas ouvintes que responderam, também, com altissonantes gargalhadas às tantas doces provocações da palestrante. Em nenhum momento de sua fala, Teka Breder recorreu a aforismas de movimentos libertários que têm a mulher como alvo e que, no final, nada oferecem, de concreto, para que elas deixem de ser objeto de cama e mesa. As frases da pregadora mais a aproximaram de uma conservadora do que uma progressista enrustida de justa e humana, na carcaça oca de crentassos frustrados. Definições como, por exemplo, de quem é a responsabilidade pelas tarefas diárias, passando pelos cuidados com os filhos e atuação na igreja reforçaram a ideia de que a preletora se pauta na bíblia para dar vasão e base aos seus ensinamentos. Ela não vomitou bolotas de teologia complicada para impressionar a plateia. Deu ricos conselhos ao seu público a quem pediu engajamento na obra de Deus e compromisso para a construção de uma sociedade igualitária onde valores como solidariedade e justiça possam ser preservados. Para isso, segundo o que se pode inferir da mensagem de quase uma hora e meia é que princípios como, por exemplo, o da autoridade, têm que resistir às ameaças de eufemismos legais e filosóficos que se prestam à pregação de regimes impostos por uma banda podre da sociedade, onde conceitos deturpados ousam substituir princípios bíblicos que, se praticados, levam um povo e uma geração à conquista da paz, progresso e garantia de futuro promissor.

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“Adoradoras do Rei”, da Assembleia de Deus do João XXIII.

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 O encontro da sexta-feira não teve elementos para fazer obreiros perderem o sono, a não ser aqueles que, quando alegres, perdem o sono. Não foi um levante para a tomada do poder, numa revolução rosa de seres aos quais se destina títulos como os de “missionária” numa atitude de apenas querer agradar. Muitas delas vêm a bajulação com que são tratadas ser sepultada com os maridos quando estes descem à campa fria e não permitem a elas prosseguirem senão como meras viúvas ilustres que nem como ilustres são, senão viúvas.

No fim do encontro, além de algumas pétalas de rosas timidamente espalhadas pelo chão e de alguns copos e pratos vazios sobre as mesas, nos quais foram servidos deliciosos salgadinhos, ficou a certeza de uma coisa: se o pique daquelas mulheres reunidas ali não se arrefecer, a data de 13 de setembro de 2013 poderá entrar para a história como o dia em que começou a revolução que deu início a um novo tempo de ação e desbravamento das mulheres de Timóteo, daquelas ungidas, cujas feridas foram curadas. “Os homens que se preparam. Vamos revolucionar”, prometeu uma das tantas que ali foram. Tomara?

O Pr. Anderson chegou no finalzinho para agradecer ao ministério Adão Araújo pelo apoio à iniciativa que teve a assinatura, também, da sua esposa, Elenice Ribeiro.

Para quem  está quase sem esperança de ver a luz no fim do túnel, este encontro pode ter sido um holofote  apontando a saída para se encontrar a luz que permite deixar esse túnel.

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Preletora Teka Breder. Não dispomos de mais fotos do curso da palestra. Nossa reportagem se retirou devido à restrição do assunto.

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Pr. Anderson, da Assembleia de Deus do bairro João XXIII chegou no final para agradecer pelo apoio do ministério Adão Araújo ao evento promovido pela sua congregação.

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