Ligue-se a nós

Notícias

Sindpol irá inaugurar uma sub-sede em Ipatinga. O presidente da entidade falou sobre a iniciativa numa entrevista onde abordou vários assuntos.

Publicado

no

Compartilhe esta publicação
IMG_7109

Dr. Denilson Martins, presidente do Sindpol.

      “Tem membros de outra corporação envolvidos, sim”.

 O presidente do Sindpol – Sindicato dos Policiais Civis de Minas Gerais, Dr. Denilson Silva, esteve no início desta semana em Ipatinga, cuidando dos preparativos para a inauguração da sub-sede da entidade, prevista para o próximo dia 16 de dezembro. Denilson falou com nossa reportagem a respeito do evento e de outras questões na entrevista que segue.

Silas: O Sindpol irá inaugurar sua sub-sede no Vale do Aço no próximo dia 16. O que ensejou essa iniciativa?

Dr. Denilson: Primeiramente uma decisão coletiva dos nossos Policiais filiados aqui do Vale do Aço, especificamente de Ipatinga e, depois, uma necessidade de nós expandirmos as ações sindicais, trazendo-as mais próximas dos nossos filiados, que é uma deliberação antiga do nosso sindicato. Nós já temos seis sub-sedes estabelecidas em outras regiões importantes em Minas Gerais. Temos no Triângulo Mineiro, Uberlândia; temos em Montes Claros, Juiz de Fora, Pouso Alegre, Divinópolis e aqui. Em Governador Valadares estamos na iminência de estarmos autonomizando também. No caso do Vale do Aço, dispensa a gente, aqui, elencar a importância econômica, a importância demográfica, a importância estratégica que esta região tem. Então para nós é de fundamental importância que a Polícia Civil se fortaleça aqui também. Um sindicato mais atuante é a certeza de melhores condições de trabalho, de mais valorização institucional, de mais organização, por parte da prestação de serviço e, óbvio, trazer mais benefícios para a categoria e trazer mais benefício para a segurança pública local.

Silas: Quais são os prejuízos amargados pela Polícia Civil do Vale do Aço com a falta de uma sub-sede do sindicato da categoria na região?

IMG_7117

Da esquerda para a direita Dr. Denilson Martins, Pr. Eber Rosa, empresário Renato Caetano e Eliezer Rosa, do Sindpol

Dr. Denilson: Muitos. Dou exemplo claro aqui do próprio baixo efetivo. Policias vão se aposentando, Policias vão adoecendo, vão pedindo exoneração e não se manda, não se envia outros para seus locais. A questão, também, de monitoramento e fiscalização das  condições de trabalho. Se está se respeitando as 40 horas semanais. Se está se respeitando a utilização dos EPIs, que são os equipamentos de proteção individual, desde colete à prova de bala. Nós estivemos aqui no IML e vimos condições precárias. Não temos, ali, um serviço de esterilização das vestes, dos equipamentos utilizados pelos auxiliares de necropsia, médicos legistas. Nós temos, também, uma carência de vistoria nas viaturas. Estamos vendo viaturas sem a manutenção devida, com alta rodagem de odómetro. Isto tudo, um sindicato mais atuante, mais próximo, nos ajuda a zelar e cuidar disto. Quem ganha com isto? A própria sociedade, que tem uma prestação de serviço mais qualitativa, que tem uma Polícia mais valorizada, mais forte. A atividade do sindicato –  gosto de dizer isto sempre –  é uma atividade cidadã. Quando nós fiscalizamos a atuação do sindicato, quando nós reivindicamos mais benefício para os nossos operadores, quem ganha é a sociedade, que tem um serviço melhor e tem um profissional mais motivado, mais preparado para atender as suas demandas.

Silas: Qual o efetivo de Policiais Civis atualmente no Vale do Aço?

Dr. Denilson: Salvo melhor juízo, estamos entre 130 e 140. É muito pouco para prestação de serviço numa cidade com esta envergadura e mais dezenas de cidades no seu entorno. Ipatinga funciona como uma grande regional. Ela funciona como uma grande referência para as demais cidades que vêm aqui aportar aquelas ocorrências de maior relevo. As questões referentes ao trânsito, as questões referentes à repressão qualificada da Polícia Civil, as operações são desencadeadas aqui em Ipatinga. Então, é muito pouco. Estamos precisando de um efetivo ainda maior. Hoje, a maior carência que nós temos é para o cargo de investigador. Vamos continuar batalhando. Há necessidade. O governador já deu a sinalização de convocação, de autorização para um novo concurso, mas me parece que ele ainda aguarda a aprovação de uma lei previdenciária, uma alteração que está sendo feita na Assembleia Legislativa. Óbvio, vem precarizar ainda mais as condições de remuneração e de previdência do servidor. Mas nós vamos batalhar, vamos trabalhar para minorizá-las cada vez mais. Então deve ser cerca de mil e seiscentas vagas. O concurso está ai para sair no final de dezembro, agora ou começo de  janeiro.

IMG_7123

Silas: A Polícia Civil vem tendo sua imagem arranhada por alguns crimes cometidos no Vale do Aço, de cujas autorias suspeita-se existir a participação deste seguimento. Qual é a posição do Sindpol com relação a este assunto?  

Dr. Denilson: Tão logo nós tivemos notícias desse atentado contra a vida do Walgney e do Rodrigo Neto, nós viemos para cá. Nós sempre  tivemos na pessoa do Rodrigo um parceiro. O Walgney tirava fotografias para a Polícia Civil. Ainda não está clara a apuração da autoria deste fato, mas nós sabemos que estamos prestes a ter novidades. Então a gente lamenta, em todos os aspectos, a morte dos dois. Nós defendemos o devido processo legal. Se teve alguém do nosso meio que praticou, obviamente ele vai pagar com os rigores da lei. Nós temos Policiais que estão presos, nós temos versões que atestam a inocência deles. Tem muitos pontos controversos que estão sendo elucidados e a gente acredita na justiça. Acreditamos, também, na qualidade da apuração que ainda está sendo feita. Mas nós lamentamos, em todos os aspectos. A Polícia Civil é uma polícia ordeira, é uma polícia cidadã, é uma polícia que dá a garantia ao cidadão de segurança até mesmo, propriamente dito, além do trabalho de polícia. Somos nós que identificamos os vinte milhões de mineiros, através do serviço de expedição de Carteira de Identidade. Somos nós que cuidamos, regularizamos, organizamos a frota de veículos de todo este Estado e, também, de outros, quando nós fazemos transferência. Somos nós que habilitamos todos os milhões de condutores de veículos automotores deste Estado e de outros Estados vizinhos. Não é justo que um fato isolado, como esse, macule toda uma corporação. Então é por isto que o Sindpol veio aqui. Desde o primeiro momento, prestamos todos os esclarecimentos à sociedade. Zelamos pelo devido processo legal, pelo cumprimento da ampla defesa. Estamos fazendo algumas defesas de alguns servidores. Os próprios parentes das vítimas reconhecem que algumas pessoas que estão sendo acusadas, estão até hoje sendo prejudicadas com estas acusações, são inocentes. Até eles reconhecem. Não seríamos nós capazes de legitimar essa generalização tão malévola, né?

Silas: O senhor disse que virão novidades com relação ao caso Rodrigo Neto e Walgney. Quem vai se surpreender com essa novidade?

Dr. Denilson: Olha, até por questão de ofício eu não posso declinar, não posso revelar detalhes de investigação. Isto não seria justo de nossa parte. Mas tem informações que vão mostrar que pessoas não estavam na cena que foram mencionadas, que outros que não estavam, que não foram relacionados  até hoje vão ter, sim, liame subjetivos que ligam eles a cena do crime, com certeza. Jogou-se muito a responsabilidade dos fatos na Polícia Civil de Minas Gerais. Pelo que se mostra, está se afigurando, está se elucidando que tem outra corporação; tem membros de outra corporação envolvidos sim. Então a gente espera que agora as coisas se equilibrem. Saiu do calor das coisas, saiu da politização da temática. A gente tem que ter muito cuidado para não partidarizar, não politizar um fato tão grave como este que aconteceu aqui. Nós vimos, ai, inclusive, a sociedade civil organizada da um exemplo: criou ai o Comitê Rodrigo Neto, que está cobrando das autoridades a apuração detida de todos os fatos e não de um fato apenas, não é verdade? Vai ter informações em breve para a sociedade ipatinguense vai saber sem dúvida.

Silas: O senhor esteve presente no aniversário do Pr. Antônio Rosa da Silva, realizado este ano na Assembleia de Deus de Ipatinga. Qual é o seu grau de aproximação com os evangélicos e como se o senhor avalia a atuação deste seguimento com relação à sua cooperação para a diminuição do índice de criminalidade?

Dr. Denilson: Eu reputo aos evangélicos, aos protestantes a benesse de prestar um relevante serviço à sociedade no tocante à prevenção delitiva. Reputo, também, à pessoa do Pr. Antônio Rosa, como um dos ícones da igreja evangélica no Brasil e, por que não dizer, até no mundo, considerando as missões extraordinárias que a Assembleia de Deus de Ipatinga faz fora daqui do Brasil. Trabalho em Guiné Bissau, em Moçambique, Paraguay e em todas as localidades onde tem células da igreja, tem núcleos da igreja Assembleia de Deus sob a batuta do Pr. Antônio Rosa e Eber Rosa. Fico muito feliz e muito à vontade para falar disto. Eu tenho um carinho pelo povo evangélico. Sou católico, mas tenho um carinho pelo povo evangélico, já de tenra idade, de tenra idade política. Eu tive como vice, ou melhor, como candidato a vice-prefeito em Santa Luzia o meu grande amigo, grande parceiro, grande irmão João Batista Lopes, que é da Igreja Universal do Reino de Deus. Agora ele faz parte da Igreja Internacional da Graça. É um parceiro de toda hora, tem uma inserção muito grande na igreja evangélica. Sou carismático, tenho essa proximidade de longa data. Vejo nos trabalhos que pude desenvolver ao longo da minha vida de homem público, como sindicalista, como assistente jurídico que fui na Dutra Ladeira, um dos primeiros, o trabalho extraordinário que a igreja evangélica faz na assistência aos egressos, na assistência aos drogaditos, à mudança de vida das pessoas e posso dizer que no mundo do crime só não está pior a coisa ainda por causa deste trabalho abnegado, voluntário, bastante devotado que as igrejas evangélicas – e eu incluo outras denominações – realizam no nosso meio. Nós percebemos que assim como  a pastoral carcerária da igreja católica – às vezes passa por dificuldade porque é mal compreendida  pelo seu trabalho de valorizar os direitos fundamentais da pessoa humana – também as igrejas evangélicas, quando fazem o serviço de assistência carcerária, quando faz o serviço de visita às famílias dos egressos, quando busca a salvação do homem, a mudança do comportamento humano, é muito mal interpretada pela sociedade, às vezes. Mas este trabalho antigo que o Pr. Antônio Rosa vem realizando já está podendo colher seus frutos. Nós temos visto ai, com muitos bons olhos, os trabalhos que têm sido feitos, na prevenção de drogas, a questão de educação para o trânsito, na questão de trabalhar com a juventude, escolas de música e tantas outras obras que a gente acompanha e que é exemplo, hoje, para o Brasil.

IMG_7125

Silas: O Sindpol já traçou um plano de atuação para a sua sub-sede do Vale do Aço?

Dr. Denilson: Nós queremos fazer dali um espaço público. Uma casa grande, que fica ali no bairro Iguaçu, atrás da Delegacia de Mulheres. Um espaço onde nós podemos fazer reuniões, não precisar só do espaço da delegacia. A gente vai ter agora, também, o do Sindpol. A Prime vai estar nesta parceria conosco. Então nós vamos ali acolher vários outros sindicatos, várias demandas. Podemos disponibilizar espaço para reuniões com outras entidades. É o que a gente quer fazer. É um espaço aberto para o nosso filiado, para o cidadão, para a sociedade, porque nós entendemos que só assim é que nós vamos prover para Ipatinga e região do Vale do Aço espaços seguros.

Silas:  Eu gostaria que o senhor detalhasse um pouco a forma como o Sindpol pretende, por exemplo, lutar a favor de um IML mais descente para a região.

Dr. Denilson: Lá em Belo Horizonte, como todo mundo pode perceber – o Brasil viu, foi para o Fantástico – nós conseguimos, depois de 35 anos de IML em Belo Horizonte, nós conseguimos ganhar na Justiça Federal as reformas da ordem de seis milhões de reais na estrutura do IML de Belo Horizonte. Nós tivemos que usar de estratégias. Já tínhamos reclamado em vários órgãos e não resolveu. Então fomos no local certo, Ministério Público do Trabalho, denunciando as péssimas condições de trabalho e, também, de meio ambiente. Não existia nem ETE (estação de tratamento de esgoto) dos efluentes que saem dos cadáveres. Tem que ser tratado. Era jogado in natura no Rio Arrudas.  No caso, aqui, de Ipatinga, nós temos dois IMLs. Tem o IML antigo e aquela outra parte mais nova que foi feita. Esta parte mais nova tem câmara frigorífica, tem estação até terciária. Temos, ali, a primária, a secundária, a terciária onde tem, inclusive, carvão ativado para purificar os efluentes que dali saem e vai para as nascentes naturais, sem poluí-las. Então isto está certo. O que que falta ali? Adequações, estrutura, porque atenda toda a região. Tem um problema aqui. Para a segurança pública, Ipatinga parece que parou no tempo. São poucos policiais, tanto da civil quanto da Polícia Militar. As estruturas físicas são diminutas. Não acompanhou o crescimento vegetativo da população. A população cresceu, a economia está mais pujante, e mais aflorada as relações entre as pessoas. A microdependência das cidades vizinhas com Ipatinga aumentou. O fluxo de pessoas aumentou em muito e isto exige dos aparatos públicos uma presença mais forte, uma presença mais pujante, pelo menos acompanhando este crescimento demográfico. Isto não houve e o Sindpol pode, sim, ele tem legitimidade postulatória para reivindicar junto às autoridades competentes as reformas, os investimentos, as aplicações, as adequações da lei. Isto nós vamos fazer sim. Colocamos no rol das nossas atividades, no cronograma de atividades nossas. Nós vamos reivindicar, junto ao Ministério Público do Trabalho, esta questão da falta de EPIs, da falta de equipamento, do desaparelhamento do IML, Também à Chefia de Polícia, à Secretária de Defesa Social, a aquisição de um prédio novo. Ipatinga merece uma nova unidade da Polícia Civil. Ou ampliá-la ou redimensionar ou, quem, sabe, até adquirir  outro prédio. Esta cidade é uma cidade rica, o povo daqui merece, sem dúvida. Também vamos reivindicar junto à Secretária de Defesa Social o aumento do quadro de efetivo. Nós conseguimos na Lei Orgânica da Polícia Civil aumentar em mais de seis mil novos cargos. Então agora nós vamos cobrar do governador do Estado que autorize a realização destes concursos. Eu tenho certeza que Ipatinga e região vão receber um grande quadro de efetivo, porque aqui merece, aqui precisa. Temos demanda para isto.

Silas: a ideia corrente de que o bandido está mais aparelhado do que a Polícia até em que ponto encontra eco na realidade dos Policiais do Vale do Aço?

Dr. Denilson: Infelizmente é verdade, até por uma questão óbvia. Eu sou criminólogo, também, e posso te dizer que o crime é uma conduta de oportunidades. Por isto ele reflete a ação. A repressão é uma conduta de reatividade. Então você tem uma reação. Então o marginal está sempre à frente da prevenção. Ele já imagina que vai quebrar esta barreira da prevenção feita pela Polícia Militar. Então o policial virou as costas, ou o policial deixou de prestar aquele serviço ostensivo de presença, ele, o marginal, vai atuar. Compete à Polícia Judiciária aplicar o jus puniendi, investigar, alcançar, capturar e apresentar  às barras da justiça os elementos fundamentais de convicção e que foi ele que praticou aquela autoria ele que praticou aquele delito. Então por isto a Polícia Civil forte, uma Polícia Judiciária forte para que possamos, sem dúvida alguma, tirar do meio social, por um período – aqui não tem prisão perpétua, pena de morte – tirar por um período aquele cidadão e que, durante este período, ele possa se ressocializar. Ai tem outro papel importante, da participação da sociedade no processo de reeducação, ressocialização deste cidadão, fazendo ele emendar-se do crime que cometeu e mudar seu comportamento. Ai vem outra ponta fundamental, também, que é a ponta dos agentes penitenciários. Dentro da questão carcerária você precisa de elementos qualificados que possa promover esta reeducação dentro do cárcere, com a participação da sociedade para mostrar para o cidadão que o crime não compensa. É a impunidade, Silas, que dá certeza da continuidade delitiva do crime. Eu tenho certeza que eu não fui punido, então posso continuar praticando os delitos. Se na primeira vez, na segunda vez você tirar o cidadão de circulação ele não faz a terceira. Então este investimento que nós exigimos para a Polícia Judiciária, Polícia de Repressão Qualificada é neste sentido. 

Continuar Lendo