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Projeto criado por professora de Ipatinga é um dos melhores de Minas

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Meramente ilustrativa

por SECOM/PMI

Em tempos em que as redes sociais são o instrumento mais usado na hora de mandar recados, escrever e enviar cartas pode parecer algo distante da realidade. Porém, essa foi a ferramenta usada para melhorar a qualidade de aprendizagem dos alunos dos 4º e 5º anos da Escola Municipal Hermes Oliveira Barbosa, localizada no Pedra Branca.

O projeto “Ler e Escrever Não Tem Fronteiras”, criado pela professora Aparecida Alves Gonçalves, é uma das experiências exitosas da rede municipal de Educação apoiada pela Prefeitura de Ipatinga e que foi considerada uma das melhores propostas pedagógicas do Estado pela 9ª edição do Prêmio Professores do Brasil (PPB). Como uma das fases do prêmio, foi realizado nos dias 25 e 26 de novembro, em Belo Horizonte, o Seminário Estadual de Intercâmbio de Experiências, uma oportunidade para os selecionados compartilharem seus relatos e experiências.

O PPB e o Prêmio Gestão Escolar (PGE), que reconhece as boas práticas de gestão em Educação, integram a Iniciativa Educadores do Brasil, idealizada pelo Ministério da Educação (MEC) e implementada no Estado pela Secretaria de Educação de Minas Gerais. A iniciativa na qual a professora de Ipatinga se inscreveu premia docentes em seis categorias: creche, pré-escola, ciclo de alfabetização, 4º e 5º anos, 6º ao 9º ano e Ensino Médio; buscando assim reconhecer e divulgar o trabalho realizado em escolas públicas que contribuem para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem desenvolvidos nas salas de aula. Nesta edição, Minas Gerais bateu o recorde de inscrições com 764 escolas no PGE e 1.488 professores no PPB.

 

O projeto

Idealizado no ano passado, o “Ler e Escrever Não Tem Fronteiras” foi colocado em prática na escola ipatinguense de maio a dezembro de 2014 e contemplou cerca de 35 alunos das turmas de 4º e 5º ano. “O projeto nasceu ao percebermos as necessidades da turma, que era muito diversificada e contava com alunos em níveis de aprendizado diferente”, explicou Aparecida, que lecionava literatura naquele ano, lembrando que o programa foi criado em parceria com a professora Niúsa Aparecida da Silva, hoje aposentada. “Muitos alunos não gostavam de ler nem escrever e, quando propus que eles fizessem poesias, percebemos a dificuldade que tinham de trabalhar essa linguagem. Foi daí que surgiu a ideia das cartas, que possui uma linguagem mais simples”.

O projeto consistia na produção de cartas que seriam enviadas para pessoas de outros estados. “Reuni alguns amigos do Espírito Santo, Pará, Brasília, Ceará e demais locais para receberem essas cartas”, contou Aparecida. Na troca de correspondências, os alunos contavam sobre o lugar onde vivem, seus amigos, sua família e seus interesses. O destinatário respondia relatando sua rotina e contando mais detalhes de sua cidade. “Além de incentivarmos a escrita e a leitura, fomentando o desenvolvimento das crianças, também vimos a evolução delas em outras áreas, como geografia, por exemplo”, destacou a professora. “Uma das cartas enviadas ao Pará demorou mais de 20 dias para chegar, o que fez o aluno vivenciar e sentir a distância que nos separa. Sem contar que a linguagem pode contar muito a respeito de quem escreve, até por isso uma das recomendações foi que eles caprichassem na caligrafia e colocassem sentimentos no texto”.

Como grande parte dos alunos da Escola Municipal Hermes Oliveira Barbosa é de uma área rural e nem todos têm acesso à internet em casa – hoje o modo mais comum de se relacionar à distância – a ideia de recorrer a um meio de comunicação tão antigo surpreendeu as crianças. “Elas saíram do anonimato e conheceram outras pessoas por um meio que nem imaginavam ser mais possível. Elas ficavam muitos felizes com as respostas e guardaram as correspondências recebidas como algo precioso”, ressaltou a professora, ressaltando que a experiência foi valiosa não apenas para os alunos, mas para os destinatários. “Foi fascinante ver a participação de todos. As pessoas faziam questão de responder as cartas e incentivar as crianças não só com esse projeto, mas com os planos que elas já fazem de vida”, relatou Aparecida. “Na época do projeto houve uma greve dos correios, o que dificultou algumas trocas de mensagens, mas o curioso é que até hoje chegam cartas à escola. O comprometimento de todos foi tanto que até hoje as pessoas se dedicam a não deixar nenhum aluno sem receber sua carta”.

 

O Prêmio

Para concorrer ao Prêmio é necessário inscrever os projetos pedagógicos que obtiveram êxito durante ano no site oficial da Iniciativa Educadores do Brasil e aguardar a análise do comitê avaliador. “Nunca participei de nenhuma premiação, então aproveitei o incentivo da Niúsa para me inscrever no Prêmio Professores do Brasil. Confesso que não esperava um retorno, mas fiquei muito feliz em ver nosso projeto entre os melhores de Minas”, disse Aparecida, que relatou também a experiência de participar do Seminário. “Foi uma socialização de ideias muito interessante. No evento tive oportunidade de conhecer os projetos que se destacaram no Estado e trocar experiência com os colegas da Educação”.

No ato da inscrição, a professora precisou detalhar as diversas fases do “Ler e Escrever Não Tem Fronteiras”, como: resumo, planejamento, execução, avaliação e interação com a comunidade, além de recomendar e instruir sua implantação em outras escolas. “Essa ideia só saiu do papel e fez sucesso em sala de aula por conta da participação das mais de 30 pessoas que receberam e responderam as cartas, dos pais dos alunos e de toda equipe da escola que sempre nos apoiou”, apontou Aparecida. “A alegria de ter sido uma das selecionadas pelo Prêmio é perceber que essa também é uma vitória dos alunos. Eles vibraram quando ficaram sabendo do reconhecimento do projeto e da minha participação no Seminário. Momentos assim nos incentivam a perseguir novas formas de aprendizagem que sejam atrativas para o aluno e que melhore de fato seu desempenho”.

Segundo a diretora do Departamento Pedagógico, Maria Aparecida, experiências como essas são fundamentais para estimular outros professores a inovar em suas práticas, e mais que isso, disponibilizá-las a outros, registrando-as, assim como fez a professora Cida, da Escola Hermes. “Nossas escolas são ricas em práticas inovadoras na área pedagógica e na área da gestão. Essas ações podem ajudar a iluminar outras escolas e outras redes tanto da nossa cidade quanto de outras cidades também”, informa a diretora.

PMI

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