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Padre Fábio de Melo excomungado da Igreja Católica?

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Católicos refutaram o padre Fábio de Melo e criticaram os cristãos protestantes.

A participação do Padre Fábio de Melo no programa “De Frente com Gabi” (SBT), dia 19/01/2014 em que foi entrevistado pela Marília Gabriela sobre assuntos relacionados á Igreja. A entrevista teve grande repercussão, e gerou revolta em muitos católicos, inclusive alguns sugeriram, uma petição de ex-comunhão do sacerdote.

No site AVAAZ o autor da petição justifica: “Tendo em vista grandes heresias ditas pelo padre Fabio de Melo, cremos que ele, não obstante tenha um curriculum acadêmico brilhante, não tenha qualificação para dar direção espiritual”.

O pedido foi fundamentando com a alegação de que o Padre Fábio de Melo nega a natureza divina da Igreja, ao dizer que: ”Jesus não queria a Igreja, queria o Reino de Deus, mas a Igreja foi o que conseguimos dar a Ele”, com o tom de que a Igreja foi criação de homem e não de Jesus.

No blog Formando Informando Católicos, a polêmica continua. Comentando a atitude do padre, um usuário escreveu: “Não sei se ele será homem o suficiente pra sustentar o que disse e peitar a “igreja” em prol da verdade. Nenhuma igreja é detentora da verdade, a verdade é Jesus, e o padre em questão parece ter percebido isso, mas a pergunta é? Vai continuar firme e aceitar a excomunhão como um troféu e testemunho da verdade ou irá se acovardar e amar sua própria vida fazendo barganha com a verdade?”,

Outro usuário do blog comentou: “Realmente esse “padre” Fábio de Melo, é uma fraude dentro da Igreja Católica Apostólica Romana, é a maior catástrofe em forma de “padre”, a maior vergonha para nós católicos, se é que podemos chamá-lo assim, “padre”, que, aliás, de padre não tem nada…”. “Tem sido bastante assustador, constatar que vários “católicos” estão se comportando como verdadeiros “protestantes” em ATOS e PALAVRAS, estão indo contra todos os projetos de Deus, aceitando a difamação da Mãe de Deus, aceitando passivamente a heresia desse aproveitador!”

Padre Fábio de Melo no programa “De Frente com a Gabi” (SBT)

Padre Fábio de Melo no programa “De Frente com Gabi” (SBT)

Ao que parece a Igreja Católica ficou muito preocupada com a repercussão da entrevista, talvez temendo um êxodo de fiéis para as igrejas protestantes. O site Amor Mariano procura refutar o padre Fábio de Melo e critica os cristãos protestantes, com trechos de uma vídeo-aula contra o protestantismo: “Se você quiser estudar a verdadeira história da Igreja, estude a vida dos santos”. “Sei que os protestantes não acreditam nisso, porque os protestantes não acreditam na Igreja. Querem acreditar só em Jesus, mas não acreditam na Igreja, eles acham que Igreja é invenção humana…”. A publicação também gerou vários comentários.

No Youtube, não foi diferente. O vídeo do programa “De Frente Com Gabi” com a entrevista com o Padre Fábio de Melo, exibido no domingo, 19/01/2014, gerou quase 300 comentários, e se tornou um grande debate que se formou entre católicos. Para uns, um padre, um católico exemplar. Para outros, um herege, cuja fala dá margem a muitas interpretações que prejudicam a ele mesmo.

Perseguido e criticado, para acabar de vez com as acusações e críticas impiedosas, três dias após a exibição do programa, o padre Fábio de Melo pede desculpas através de uma carta que publicou em seu site, dizendo que este é um momento “sofrido”.

“Eu assumo que errei ao usar a expressão. Eu não estava numa sala de aula, lugar onde a Ortodoxia convive bem com a dialética. Não considerei que muitos telespectadores poderiam não entender o contexto da comparação. E por isso peço desculpas. E junto às desculpas, faço minha retratação. Nunca tive problema em assumir meus equívocos”, disse o padre.

Finalizou agradecendo as preces dos que o acompanham “neste tempo tão sofrido”.

Assista ao vídeo:

 

Leia na íntegra a carta do padre:

Palavras de Padre Fábio de Melo

 

Queridos amigos,

Em virtude da polêmica que envolveu minha fidelidade à Ortodoxia Católica, venho esclarecer alguns pontos.

Em nenhum momento da minha vida atentei contra a sacralidade da Igreja Católica Apostólica Romana. Sou Mestre em Teologia Dogmática e zelo muito para que minha pregação esteja de acordo com os ensinamentos da Igreja. Este é o credo que professo: “Creio na Santa Igreja Católica Una, Santa, Católica e Apostólica.” Nunca inventei uma crença particular, ou um modo diferente de compreender esta profissão de fé.

A expressão que usei no programa de “De frente com Gabi”, “Jesus queria o Reino de Deus, mas nós demos a Ele a Igreja” é uma expressão muito usada nos bastidores acadêmicos que frequentei em minha vida, e está distante da proposta herética que ela já representou em outros tempos. O significado evoluiu.

Nossa Fundação é Santa, pois fomos instituídos pelo Cristo. “A Igreja é um corpo, em que nós somos os membros e Jesus Cristo é a cabeça (Col 1,18; I Cor 12,27). Na cabeça o Reino já está estabelecido. Em Cristo, o Reino já está plenamente manifestado. Mas os membros do corpo ainda estão no contexto da busca, pois continuamos arrastando as consequências adâmicas do nosso pecado. E por isto, mesmo que em Cristo o Reino já esteja plenamente manifestado, em nós, Igreja, povo de Deus, ele continua sendo a meta que nunca deixamos de buscar.

O Concílio Vaticano II, através de sua Constituição Dogmática Lumen Gentium, enfatizou que a Igreja é povo de Deus. O povo é errante, pois apesar de estar mergulhado nas graças do batismo, ainda sofre as consequências da fragilidade que o pecado lhe deixou. O mesmo Concílio declarou “O Reino de Cristo já presente em mistério, cresce visivelmente no mundo pelo poder de Deus…” (LG 3).

Presente em mistério. Isto é, cabe a nós, membros deste corpo, apressar a sua chegada. A Igreja é triunfante, mas também é peregrina, penitente, pois que carrega em sua carne a fragilidade de seus membros.

Sim, a Igreja é santa, mas comporta em seu seio os pecadores que somos nós. E por isso dizemos, também com o perigo da imprecisão teológica: “A Igreja é Santa e pecadora”. Bento XVI sugeriu modificar a expressão. “A Igreja é Santa, mas há pecado na Igreja”. Notem que ele salvaguarda a santidade na essência.

Mas o pecado existe na Igreja. Por isto rezamos nas liturgias diárias pelo Santo Padre, pelos bispos, pelo clero, pelo povo de Deus. Clamamos por purificação, luzes em nossas decisões, pois sabemos que é missão do Espírito encaminhar na terra a Igreja que ainda não é Reino de Deus (porque maculada pelos nossos pecados), e que ao Cristo damos diariamente. Mas nós caminhamos na esperança. Sabemos que um dia todas as partes do corpo estarão agindo em perfeita harmonia com a cabeça. Seremos a “Jerusalém Celeste”.

Eu assumo que errei ao usar a expressão. Eu não estava numa sala de aula, lugar onde a Ortodoxia convive bem com a dialética. Não considerei que muitos telespectadores poderiam não entender o contexto da comparação. E por isso peço desculpas. E junto às desculpas, faço minha retratação. Nunca tive problema em assumir meus equívocos. Usei uma expressão que carece ser contextualizada com outras explicações, para que não pareça irresponsável, nem tampouco herética.

Repito. Eu não nego nem neguei a definição dogmática expressa na Lumem Gentium, Número 5.

“O mistério da santa Igreja manifesta-se na sua fundação. O Senhor Jesus deu início à Sua Igreja pregando a boa nova do advento do Reino de Deus prometido desde há séculos nas Escrituras: «cumpriu-se o tempo, o Reino de Deus está próximo» (Mc. 1,15; cfr. Mt. 4,17). Este Reino manifesta-se na palavra, nas obras e na presença de Cristo. A palavra do Senhor compara-se à semente lançada ao campo (Mc. 4,14): aqueles que a ouvem com fé e entram a fazer parte do pequeno rebanho de Cristo (Luc. 12,32), já receberam o Reino; depois, por força própria, a semente germina e cresce até ao tempo da messe (cfr. Mc. 4, 26-29). Também os milagres de Jesus comprovam que já chegou à terra o Reino: «Se lanço fora os demónios com o poder de Deus, é que chegou a vós o Reino de Deus» (Luc. 11,20; cfr. Mt. 12,28). Mas este Reino manifesta-se sobretudo na própria pessoa de Cristo, Filho de Deus e Filho do homem, que veio «para servir e dar a sua vida em redenção por muitos» (Mt. 10,45).”

E quando Jesus, tendo sofrido pelos homens a morte da cruz, ressuscitou, apareceu como Senhor e Cristo e sacerdote eterno (cfr. Act. 2,36; Hebr. 5,6; 7, 17-21) e derramou sobre os discípulos o Espírito prometido pelo Pai (cfr. Act. 2,33). Pelo que a Igreja, enriquecida com os dons do seu fundador e guardando fielmente os seus preceitos de caridade, de humildade e de abnegação, recebe a missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus em todos os povos, e constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra. Enquanto vai crescendo, suspira pela consumação do Reino e espera e deseja juntar-se ao seu Rei na glória.”

Agradeço pela prece dos que me acompanharam neste momento tão sofrido.

Com minha benção,

Padre Fábio de Melo.

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