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10 anos atrásno
Quem foi ao templo da Igreja Presbiteriana no bairro Primavera, em Timóteo, na tarde deste sábado, 7 de fevereiro de 2015, encontrou uma igreja repleta de fiéis de diversas denominações evangélicas do município. Irmanados por uma dor de cortar a alma e dilacerar o coração, estes evangélicos choravam a perda de um ícone de missões na cidade. Em uma urna, a alguns metros do púlpito, o corpo de Clezio Cesario, o Lelé, de 51 anos, aguardava os instantes finais para deixar o local rumo ao cemitério Jardim da Saudade. Um fato inesperado protagonizado por um jovem vigoroso, caloroso, amado, aplaudido, requerido como instrumento de ação concreta em iniciativas que tivessem o objetivo de resgatar vidas.
Nos funerais do missionário Lelé, naquele templo onde ele congregava, CLEZIO deixou de ser um nome para ser uma causa. A causa da evangelização sem subterfúgios e confortos. A causa de uma missão que começa com o próximo que não tem Jesus para estender-se a outros locais. Clezio era um missionário 24 horas em qualquer lugar. Ele tinha faro de missões e era capaz de sentir que alguém estava precisando de uma luz para encontrar um escape. Nesta hora, Lelé não titubeava e apontava Jesus como a solução eficaz e verdadeira. Lelé era ciente de que a morte uma dia o colheria mas, diante das convicções que nutria, também sabia, certamente, o destino daqueles que ela colhesse servindo o mestre. Lelé O servia.
Diversos pastores de diferentes ministério estiveram nos momentos finais do velório e participaram do culto memorial. Um cena não típica de uma cidade onde a existência de denominações diversas a conferiu a condição de um município com mais de 40% de sua população sendo formada por evangélicos. Todos eles se intitulavam pastor do Lelé, com uma ponta de orgulho. Aqueles que fizeram uso da palavra, enalteceram o desprendimento e visão que faziam do Clezio um homem interdenominacional. Sua visão era a do Reino e não do reinado. Sua visão era do Reino e não da denominação. Não havia uma igreja sequer que, se precisasse do apoio do Lelé, não recebia. Seu desejo era ver a obra de Deus crescer e não a igreja. Filho legitimo da Presbiteriana do Bairro Primavera, era filho adotivo dos outros ministérios instalados na cidade. Com ética, sem negar seus princípios doutrinários, Lelé relegava a planos inferiores questões conflitantes de pontos de vistas que pudessem provocar divisão. Sua atuação era exclusiva pela salvação e, neste aspecto, primava pela conquista de almas e não de membros. Se desejava que sua igreja crescesse, também deseja que não fosse pequena as igrejas dos outros.
O carisma do missionário Lelé fê-lo destacar entre amigos e na sociedade. Sorrindo e sempre disposto, Lelé não tinha hora para estender as mãos amigas para ajudar e abrir os braços acolhedores para aquecer e proteger.
As virtudes como cristão e as marcas como amigo que Lelé deixou foram pontos convergentes nos comentários que se faziam a seu respeito. O conceito glorioso deste missionário ultrapassa o território da sua cidade e se espraia pelos lugares por onde passou, quer seja a negócio pessoal ou em missão. A negócios pessoais provavelmente ele deve ter viajado pouco. Lelé o que mais fazia era ser missionário. Muitos dos que ali estavam abasteciam suas lembranças com momentos que exaltavam as qualidade do moço que uniu evangélicos em uma tarde de sábado. Não era apenas os jovens, da AJET ou de outras siglas que cortejaram Clezio. Eram adultos, adolescentes e crianças que circundavam aquele caixão com o semblante de quem não acreditava no que estava vendo.
Simbólica ou enigmaticamente, a tarde do sábado estava com temperatura amena depois de tantos dias em patamares de transformar o suor em algo comum na população. A tarde estava fria e um poeta poderia conceber ser a atitude da natureza uma trégua para saudar a temperatura espiritual de um homem que foi quente em suas ações de resgate de vidas e transmissão das Boas Novas. Um poeta poderia dizer que o calor chorou em forma de chuva no dia em que o missionário Lelé morreu.
A morte do Lelé, em decorrência de um infarto do miocárdio, pôs fim a uma trajetória brilhante de um timotense autêntico que fez do fator “missões” a locomotiva dos seus ideais. A busca por meios e formas de facilitar a conquista de seus objetivos como missionário atestava sua chamada. Ele não gostava simplesmente de missão. Ele fazia missões. Órfãos estão ficando amigos seus e que embalavam em seu dinamismo para ver o evangelho expandido em formas diversas e lugares vários. Órfãos está ficando quem o amava e via nele o norte nas horas de perplexidade. O diácono Wescley, vice-presidente da AJET – entidade que Clezio presidia – não aguentou e, em determinado momento, durante o culto memorial, entrou em pranto. Um pranto silencioso que dimensionou seus gritos de dor.
No calor da multidão que esteve no templo da Igreja Presbiteriana do Bairro Primavera se viu a temperatura das amizades deste missionário que conseguiu ser membro de uma igreja e filho de todas as outras. Lelé, ao despedir-se da existência, deixou um legado de atuação como servo abnegado. Deixou vivo na memória de quem ousa gostar de desafios missionários que fazer missão é muito mais do que originar cenas para redes sociais; é servir com zelo e compaixão, mesmo que isso não renda holofotes. Lelé deixou de ser um nome para ser uma causa. É sempre justo lembrar isso. Querer fazer missão e não se espelhar no que ele fez, é desconhecer a dimensão dessa tarefa. Lelé, por isso e pelo que ele dispensou a favor dos que não conheciam Jesus, deixou de ser um nome para ser uma causa. Quando alguém pronunciar o nome CLEZIO estará definindo “amor e ação a favor de almas”.
Em Timóteo existiu um grande missionário. Seu nome era Clezio, que fez sua última viagem, desta vez para descansar dos seus feitos e aguardar a recompensa daqueles que fazem de suas vidas a vida do próximo. Lelé não existe mais, mas seu amor pela obra de Deus não o deixa morrer, tal qual suas virtudes e seus conceitos. Lelé foi um grande missionário de Timóteo. Em Timóteo existiu um missionário chamado CLEZIO. Ele viajou para descansar da sua missão!! Missão que nunca o cansou!!
Sou Silas Rodrigues, o Silas do Blog, fundador deste site, com quase 15 anos de existência. Gleiziane é minha esposa e repórter fotográfica.