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Mãe do Bolete, jovem atingido por tiros em um velório em Timóteo, desabafa em uma carta enviada ao Blog do Silas.“Me ajuda, mãe, molha a minha boca, mãe. Me ajuda, mãe”, teria dito ele instantes antes de morrer.

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Odiceia e o filho Maykon, o Bolete.

Depois de ler a matéria neste site a respeito da conversão do filho, ainda estirado no solo aguardando a chegada de uma unidade do Corpo de Bombeiros que o conduziria ao hospital, após ser atingido por disparos de arma de fogo em um velório no bairro Primavera, em Timóteo, na noite de 11 de fevereiro – ele morreu dois dias depois –  Odiceia a mãe do Maykon Stefany Rodrigues de Jesus , o Bolete, se emocionou e  “sentiu algo a impulsionando para escrever uma carta para este blog”, desabafando, dando vazão aos seus sentimentos com relação ao que ocorreu com o filho, como  nos revelou ao nos entregar a correspondência que não conseguiu passar a limpo diante da emoção.

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A mãe quase não conseguia falar com nossa reportagem devido à emoção

Odiceia, diz no texto da missiva, que ela e o filho tinham uma relação de amigos, além da de mãe e filho. “Era um filho carinhoso, bom, e dizia sempre que me amava muito”, escreveu ela em um trecho.

Odiceia, perguntada por que queria publicar o desabafo respondeu que seu desejo é que todos saibam o que sentia pelo filho e o que representou para ela sua morte.

Enquanto conversava conosco, a mãe do Bolete se emocionava e perdia a voz. O olhar em cada movimento nosso, parece que não via a hora de ver sua carta publicada como forma de um grito de dor espalhado pelo ar. Elogiando a matéria sobre o filho publicada por nós, Odiceia repetia o quanto estava doendo a perda do filho e nos agradeceu pela atenção.

Em uma folha simples de caderno, a mãe do Bolete escreveu com abundância sobre seus sentimentos com relação à morte do filho. Na sua mensagem consta, ainda, a descrição dos momentos finais do rapaz. “Minha respiração está acabando, não estou conseguindo respirar”, teria dito Bolete,  instantes de antes de morrer.

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Leia na íntegra a carta.

“Caso (Bolete). Maykon

Palavras de uma mãe angustiada.

Eu e o Maykon não éramos só mãe e filho. Éramos muito amigos. Era um filho carinhoso, bom, e dizia sempre que me amava muito.

Natal e ano novo, ele passava todos do meu lado. Ele telefonava sempre pra mim e dizia: mãe eu te amo. Um dia antes dos tiros, ele veio despedir de mim, almoçou comigo, ouvimos músicas, nós gostávamos do mesmo ritmo de música. Curtíamos as mesmas músicas.

Almoçou comigo dia 10, terça-feira, e disse: “sábado eu venho almoçar com a senhora de novo”. Depois  que ele tomou os tiros eu tive no hospital e ele conversou comigo: ele me disse: “fui na igreja, chegando da igreja ainda fizeram essa covardia comigo. Desta vez eu vi…” E me pedia: “Me ajuda, mãe, molha a minha boca, mãe. Me ajuda, mãe”. Quem pode te ajudar é Deus. Seja forte, meu filho, aguenta. Ele me disse: “minha respiração ta acabando, não estou conseguindo respirar. Pede anestesia, ta doendo”. Ele estava agonizando, lutando contra a morte, e lutando pela vida.

Nunca vou esquecer essas palavras. Quem fez isso com ele acabou com minha vida, ta me matando também aos poucos de dor, angústia, revolta pela covardia, crueldade, frieza. Não vou ter mais Natal, mais reveillon , mais alegria.

Não tenho mais meu filho. Nas minhas orações eu pedia todas as noites e nas madrugadas pra Deus guardar a vida dele e livra-lo dos inimigos, dos homens sanguinários e dos homens maus. Orava os Salmos 91 pra vida dele.

Agora eu vou orar todas as noites, todas as madrugadas sim, é mas pedindo justiça de Deus, porque a justiça de Deus é a maior de todas as justiças.

Eu há de viver muito pra ver. Amo muito meu filho, vou ama-lo pra sempre. Amor eterno”.

17/02/2015

Odiceia

Mãe do Bolete.

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