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Dadico: o dedicado homem que viveu e morreu louvando a Deus!

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11 anos atrásno

Dadico em viagem feita à Bahia, em junho deste ano, em companhia da esposa e de amigos.
Certa vez, em um inflamado discurso na Bahia, na época da ditadura militar, o então presidente da oposição, Deputado Ulysses Guimarães, disse que queria morrer de farda e não de pijama, referindo-se à sua disposição de morrer lutando pelos seus ideais. Fala-se que ele morreu quando retornava de uma reunião onde discutira exatamente questões ligadas a esses ideais.
Dadico, como era carinhosamente chamado o irmão Geraldo Rodrigues Margarida, da congregação do bairro São José, centro sul de Timóteo, não usou a figura do pijama nem da farda mas expressou seu desejo para o fim de sua vida invocando o que ele entendia como razão de sua existência, que era ser um obreiro do Senhor, um obreiro fiel, muito fiel. Ele disse que queria trabalhar para o Senhor até que seu fôlego de vida fosse cortado. Isso aconteceu com o dedicado Dadico. Quando seu fôlego de vida foi interrompido por um infarto fulminante, ele estava trabalhando para o Senhor, o seu Senhor. O último suspiro seu foi na casa de Deus, com o violão que dedilhava com uma maestria ímpar. Ele morreu fazendo o que marcou a sua vida: louvando a Deus com seu instrumento, no culto do domingo passado, na congregação do bairro Santa Cecília. Irmão Dadico morreu de farda. O Pr. Adão Araújo, segundo alguns irmãos que presenciaram o fato, estava presente nesse culto e assistiu à cena de sua ovelha partindo para a eternidade. Ele que não se sente muito bem em situações de morte o que, segundo alguns, é responsável pela sua pouca ou quase nenhuma presença em velório, viu a partida daquele homem que o auxiliou em tantas oportunidades com a orquestra “Acordes de Jerusalém” que ele liderava. O presidente precisava estar ali, naquele dia, naquela hora!!

Em 1990, em uma festividade da orquestra Acordes de Jerusalém, na congregação do bairro São José, lendo o histórico da organização.
Uma partida diferente como diferente de muitas da sua geração foi a vida de Dadico, o dedicado. Um domingo como outro qualquer, que foi diferente de todos esses quaisquer. É dia. É domingo, ano de 2013, mês de outubro, é dia 27. Dadico acorda e, junto com a esposa, Maria da Glória Araújo Rodrigues, vai para a escola dominical na congregação do bairro São José, onde um dos seus filhos, o Wederson, é pastor. Assiste à escola. Em um determinado momento dirige-se à nora, a cantora Iolanda, aperta-lhe a mão e diz: “meu filho é pastor! Que alegria, que satisfação”! Pouco depois disso, abraçou as crianças – que sua esposa disse ser seus sobrinhos – e as beijos, fato inédito, segundo a viúva. O último abraço. O último aperto de mão! Dadico volta para casa. Decide pouco depois ir à residência de um enteado, onde tomou um café. Dadico retorna para o lar, onde encontrou o almoço pronto. O último almoço. Almoça, toca em um teclado e dorme, num merecido repouso de quem não descuidava de suas obrigações, uma delas levantar cedo, também aos domingos, para ir à escola. Descansa, acorda e convida a esposa para ensaiar os hinos 547 e 299. Esse era o cuidado do pai do Pr. Wederson: dar o melhor de si para Deus. Irmão Dadico não improvisava. Quis preparar-se para o culto no bairro Santa Cecília. Ele e a esposa ensaiaram. O violonista, o guitarrista, o evangelista, não sabia que o último hino que cantaria seria o 547. Ele se preparou para o último hino de tantos que acompanhou na orquestra “Acordes de Jerusalém” e de tantos que cantou nos cultos ao ar livre que ele tinha prazer de realizar, com suas caixas de som e outros equipamentos que sempre colocava à disposição de quem deles precisasse para fazer o mesmo que ele fazia.

A nora, dois filhos e um neto que reuniram forças durante o velório para louvarem a Deus a quem o sogro, o pai e o avô dedicou a vida.

O Deputado Celinho do Sinttrocel foi despedir-se do amigo.

Banda Redenção, da Assembleia de Deus do Distrito de Cachoeira do Vale.
A noite chega, a noite que não mais amanheceria para ele chega. Dirige-se para a congregação do Santa Cecília. O culto inicia e aquele guerreiro jamais poderia sequer imaginar que era ele o último do qual participaria. O dirigente segue a liturgia e da a oportunidade à orquestra para cantar o hino 547, aquele que ele havia ensaiado com a esposa, depois de acordar. Ele dormiu e acordou para ensaia-lo. Agora ele vai canta-lo para “dormir”. O hino chega ao seu final. Tudo dentro da realidade. Dadico está com vida. Seus batimentos cardíacos estavam, sem ele saber, entrando na contagem final nos desígnios do Eterno. A orquestra encerra sua participação. Teria outra? Poucos minutos depois, duas irmãs são convidadas para cantarem um hino e cantam o Madeiro Lavrado. ”Cortaram madeiro, fizeram uma cruz para o meu Salvador…As três horas da tarde inclinou a cabeça e ali expirou”. Ali expirou, frase sugestiva para o que aconteceria em seguida. Dadico toca só um pouquinho. Numa cena fatídica, indelével, o violão cai e ele parte desta para outra vida. É socorrido ao hospital Vital Brazil, pelo Ev. Adriano, onde, segundo os médicos, já chegou sem vida. Dadico estava, ai, com a vida que sempre lutou para conquistar: Dadico estava na vida eterna, cuja permissão lhe foi possível pela morte do seu Senhor em um madeiro lavrado que pesado ficou! Ele ouviu o “vinde bendito de meu Pai”. Aquela cruz cantada e acompanhada pelo servo de Deus, o dedicado Dadico, permitiu a chamada triunfante deste homem, que deixou sete filhos e nove netos.

Pr. Heston, da congregação do Cruzeirinho
A notícia do falecimento do Dadico caiu como uma bomba, estilhaçou corações! Familiares e amigos não podiam acreditar numa notícia desta natureza, envolvendo um homem sadio, de 61 anos de vida. Alguns probleminhas de hipertensão, mas nada que fizesse alguém antever que aquele evangelista nato partiria daquela forma, naquela hora, naquele lugar. Ele foi chamado em um bom lugar, de uma forma sem sofrimento! Seu corpo seria levado para ser velado no templo, lugar onde passou longas horas de sua vida. Lugar onde nasceu de novo, onde aprendeu a “andar”. Lugar que injetou-lhe ânimo e razões para existir.
O silêncio eterno do cristão Dadico coloca fim em uma história de intensa dedicação à obra de Deus. Dadico não precisou ostentar uma credencial para ser um evangelista. Ele era evangelista porque evangelizava. Seu carinho pela questão da pregação do evangelho o tornava destacado entre aqueles que gostam de culto ao ar livre. Com sua Caravan, transportava as caixas de som e, nisto, dependia apenas de Deus que lhe deu saúde e de amigos abnegados como ele que o auxiliavam nessa tarefa que, via de regra, não rende status, não rende medalha, não rende fama e nem da dinheiro, não abre agenda. Sua voz rouca era seu patrimônio de louvar a Deus; sua disposição era sua ferramenta de trabalho nas tardes de domingo e de outros dias. Em alguns cultos ao ar livre, Dadico experimentava a qualidade do som convidando as pessoas para participarem do culto que estava prestes a iniciar-se.

Pr. Isaque, regional do Limoeiro.

Deputado Celinho do Sinttrocel.
Como um pioneiro, este servo de Deus irá deixar sua marca. Marca boa! Assistiu aos primórdios da Assembleia de Deus na cidade e, ainda no tempo do Pr. João dos Santos na, à época chamada sub-sede, fundou a orquestra “Acordes de Jerusalém”. Dadico deixa um legado de humildade para seus amigos e familiares. Criou seus filhos “no caminho que deve seguir” e ver um deles cuidando do rebanho do Senhor foi uma de suas alegrias, a última delas revelada à nora Iolanda. Dadico gerou ovelhas. Seu filho poderá cuidar de muitas delas!
No culto que antecedeu à saída do caixão com o seu corpo do templo no São José, vários pastores exaltaram a virtude desse homem. Houve unanimidade quanto à retidão do seu caráter. Além dos pastores, o Deputado Estadual, Celinho do Sinttrocel, também lembrou das boas ações do falecido. O Deputado contou que Dadico era um “trabalhador honesto e de exemplo de integridade”. O parlamentar lamentou a morte de Dadico e, segundo o testemunho que deu a seu respeito, via nele um autêntico servo de Deus.

Pr. Juscelino Soares, regional do Olaria.

Pr. José Ciríaco, 1º vice-presidente das Assembleias de Deus de Timóteo, ministério Adão Araújo.
A cerimônia, iniciada pela cantora Iolanda e conduzida pelo Pr. Helciley Fialho, contou com a presença de um expressivo número de amigos, familiares e fiéis da unidade onde Dadico congregava, de outras e de diferentes ministérios que ali foram despedir de quem, neste momento, ouvir os acordes de Jerusalém, já não é mais uma possibilidade e, sim, uma realidade.
As sementes que Dadico lançou em terras as mais diversas, irão frutificar. Seus esforços não foram em vão. Suas horas de descanso sacrificadas em favor da causa de Deus não constituem uma aplicação em fundo perdido. A vida de Dadico é o resumo de uma história de superação de obstáculos, de força de vontade para ver expandida a pregação do evangelho. Ele não cobiçou os púlpitos aveludados, marmorizados e outros “zados” para dizer que era evangelista. Ele experimentou o calor do sol, o cheiro da poeira, o silêncio de poucos ouvintes para realizar o desejo do seu coração, de ver a salvação alcançar um maior número de pessoas. Ele não brigou por oportunidades em congressos famosos. Congressos famosos eram suas tardes, eram seus dias em qualquer lugar que fosse que tivesse alguém precisando ouvir falar do Senhor Jesus. Dadico não precisou vender palestras para ser definido como preparado. Seu preparo veio de seu temor a Deus, das orações dos seus entes queridos. Das orações da “irmã Tuninha”, sua mãe querida, também já recolhida às mansões celestiais.

Célia, amiga do Dadico que participou de vários dos cultos ao ar livre que ele realizou

Pr. Wilson Antônio, da Assembleia de Deus do bairro Olaria.

Parte dos integrantes da orquestra Acordes de Jerusalém esteve presentes e cantou um hino antes da saída do corpo do líder.
Quando o caixão deixava o templo, enigmaticamente se podia dizer que aquele ataúde levava em seu interior um homem que pregava a vida eterna e que nesta vida eterna adentrou fazendo a vontade de Deus. O som daquele violão, interpretando aquelas notas musicais esculpiu a sinfonia de uma despedida que se eternizará em suas gerações como uma despedida de um tipo não feito para todo mundo. Aquelas notas musicais que formavam a melodia de um pensamento sonorizado em prol de um madeiro lavrado, tiveram um corte do Maestro Eterno que disse ao músico: “Pronto”. Naquele momento as cortinas foram cerradas. O louvor seria em outra dimensão! O som daquele violão caindo no chão reverbera a força daqueles braços que não puderam conte-lo no momento em que sua respiração cessou. Aqueles braços fortes ficaram fracos. Aquele violão fez um último som, caindo no chão. Caiu dos braços de quem o sustentava e o fazia “cantar”, enaltecendo Aquele que experimentou o madeiro lavrado que, com pregos cravados, pesado ficou. Aquele violão ficou pesado para aquele homem que experimentou a leveza de voar para o céu.
A nós que ficamos resta-nos o exemplo desse homem que elegeu o anonimato para terminar a vida como um herói. Aquela multidão que no templo foi despedir-se do seu corpo é um traço de reconhecimento por tudo que ele fez em prol da salvação de muitos.
A trajetória do Dadico foi pautada pelo sucesso de quem confiava que semear era um desafio a ser enfrentado pelos que dizem amar o Salvador. Dadico dedicou sua vida e esse apelido, para Geraldo Rodrigues Margarida, soou muito bem! Para quem era conhecido como dedicado, atender como Dadico, era só um tipo de abreviação para dedico.

O genro, Pr. Samir, fez um emocionado depoimento a respeito do sogro, onde destacou o apoio que recebia dele para seu ministério.

Pr. Helciley, da Assembleia de Deus do Ana Rita, presidiu a cerimônia fúnebre.
Dadico cantou o hino 547 da Harpa Cristã que para ele podia ter tido as seguintes expressões:
1 -“O fiel foi trasladado; seu trabalho aqui findou.
A carreira desse santo, nesta terra já cessou.
Do Senhor o bom ceifeiro, terminou o seu labor;
A colheita completou-se: para ele foi a vinda do Senhor.
O Rei pra ele voltou! O Rei pra ele voltou!
A trombeta pra ele soou, para esse santo trasladar.
Sim, o Rei pra ele voltou! O Rei pra ele voltou! Aleluia! Ele veio o buscar!
2 – Desta terra foi subindo o remido para o céu,
Ao encontro do Deus Filho, que lhe apareceu além do véu.
E o templo ficou deserto; sua pregação cessou.
É notícia em toda parte: Pro Dadico Jesus Cristo já voltou!
3 – O remido foi subindo: foi a festa celestial:
Todo o céu para si esteve aberto, num “Bem-vindo!” sem igual,
Qual o som de muitas águas, ele ouviu entoar
Aleluias ao Cordeiro – Dadico foi indo para o Lar”.

O filho, Pr. Wederson (Fekinha), um dos sete do Dadico, à esquerda da irmã caçula, Glauciara, agradeceu a todos pelo apoio à família.

O caixão com o corpo do Dadico deixa o templo, para onde Geraldo Rodrigues Margarida entrou para fazer história.

Sou Silas Rodrigues, o Silas do Blog, fundador deste site, com quase 15 anos de existência. Gleiziane é minha esposa e repórter fotográfica.