Publicado
10 anos atrásno
Sara e Josemar se casaram na Assembleia de Deus do Recanto do Sossego
A ida ao altar para pronunciar o famoso “sim”, é sempre o descortinar de um horizonte, o renascer de planos e o realizar um sonho que embala cinderelas e príncipes.
Para Sara da Silva e Josemar de Souza Araújo, o sábado passado, 25 de julho, não foi diferente, e entrou para a história do casal como o dia em que seus sonhos se lançaram no terreno da realidade, descortinando a solidificação da conquista da felicidade, no compartilhar de emoções, quer sejam geradas pelos sorrisos, pelas lágrimas, prazer ou dores. Sara e Josemar, a partir dessa data, viram entrelaçar seus corações com as amarras de um amor não fingido, capaz de contrariar as definições que muitos atribuem a esse sentimento que deveria ser, invariavelmente, nobre.
A menina que, aos 13 anos perdeu sua visão, em consequência de um glaucoma, nunca perdeu a capacidade de sonhar e, para sonhar, sempre enxergou bem longe. As limitações que a situação impôs à adolescente foram superadas pelo carinho de amigos e familiares e, em especial, pela amiga Wilma, que lhe ofereceu afeto e guarida, dos 14 aos 28 anos. Esse período foi vivido intensamente pela amiga e Sara, em uma relação que extrapola os limites de uma amizade qualquer. Wilma fez destilar amor e seu apego à moça foi responsável pela construção de uma convivência que o tempo não se apaga. Foi “mãe” e “filha” vivendo juntas.
Wilma percebia que um eventual desprezo poderia conduzir aquela adolescente a ver bem mais escura a vida e ter corroída sua esperança de um futuro digno. Hospitaleira, do coração enorme, Wilma não hesitou em acreditar que Sara poderia superar o acontecimento e dele extrair vigor para viver uma nova etapa em sua vida. A amiga incentivou a menina a buscar forças em Deus e a acreditar em sua capacidade de superação.
E Sara aprendeu a lutar contra as limitações, e preconceitos, e avançou pelo caminho que o destino pôs à sua frente. Um desejo de toda moça, ou de quase todas, o de casar, também povoou o coração da atleta vencedora. Muitos não acreditavam nesse sonho e chegavam a ridicularizar a moça por pensar que isso, um dia, seria possível.
Sonhar e lutar entrou no dicionário de Sara e ela desprezou o pessimismo de tantos que tentaram atingi-la com suas maldições.
O tempo passa e a moça, com sua visão aguçada de futuro, rompe barreiras e, em uma destas barreiras rompidas, quando estudava em Ipatinga, num projeto mantido pela prefeitura, conheceu Josemar, que também padecia de uma limitação, embora em graus menores do que a sua. Os olhos se cruzaram, os olhares se despertaram numa imaginação benfazeja de quem acredita que “a lua não precisa brilhar por inteiro para encantar o mundo”. Olhares, olhos e corações pulsaram forte. O amor se despertaria ali e aquela escola, mais do que um item na superação dos dois, se transformaria em uma plataforma onde novos sonhos seriam concebidos. Sara e Josemar, a partir de então, formaram uma “alma gêmea”.
Os caminhos trilhados pelo casal até a chegada ao altar, certamente foi de vitórias a cada desafio que eles teriam que enfrentar para provar para uma sociedade, de valores invertidos, que eles seriam capazes de amar de forma especial e que o amor não se limita à uma visão física, mas traduz um sentimento sólido que sobrevive à qualquer tipo de limitação.
2015 veio e, com ele, o 25 de julho e, com o 25 de julho, o momento de receber o troféu por ter mantido os sonhos vivos, apesar de alguém, quem sabe, não enxergar que Sara e Josemar iriam chegar ao altar. Chegaram.
A felicidade espraiou pelos corações dos convidados que estiveram no enlace matrimonial de Sara e Josemar, realizado no templo da Assembleia de Deus do Recanto do Sossego. A igreja, tipicamente adornada, esperava a noiva muito especial.
O pastor Izaque Almeida oficiou o civil e pastor José Ciríaco, o religioso. Wilma contou que Josemar estava ansioso e viveu todas as sensações de quem iria receber a noiva em um lugar típico do ato de sacramentar uma união abençoada por Deus. Mas, logo, vieram a calma e a noiva. O noivo experimentou a realidade que permeia dia magno na história de nubentes que abandonam a serenidade para, compreensivelmente, se tornarem em fonte de suor e palco de ansiedade.
Aos 36 anos, Sara se debruça, agora, no exaurir dos dias que se seguem, temperados pela doçura de ter amado e ser amada. Josemar, que tem 44 anos de vida, certamente irá sentir que Salomão, quando dizia que “Quem achou uma mulher, encontrou uma coisa boa”, estava decifrando uma verdade absoluta, sob a ótica do amor, principalmente. Josemar, sempre teve saúde, mas irá provar, se necessário, que o amor sara.
Quem não sabe cantar, às vezes, conforme o momento e os graus da emoção, vira cantor ou cantora. Imagina uma noiva que gravou um CD. Sara canta para Josemar. Veja e ouça.
Wilma e o marido, Expedito, viveram, também, um dia muito especial. Afinal, a “filha” estava realizando um dos sonhos no qual Wilma fê-la acreditar. Por isso, a “mãe” foi repórter por um dia, ou melhor, por uma noite, e fez questão que a noiva dissesse sobre aquele dia. Veja, no vídeo, a entrevista que Wilma fez com Sara.
Créditos
Vídeos e fotos (tirados em celular e enviadas): Wilma e Sulamita
Fotos: Wilma
Sou Silas Rodrigues, o Silas do Blog, fundador deste site, com quase 15 anos de existência. Gleiziane é minha esposa e repórter fotográfica.