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10 anos atrásno
O prefeito Keisson Drumond (PT) frustrou a expectativa de cerca de cem moradores que representavam as trezentas famílias que moram nas ocupações do Recanto Verde, Limoeiro e Macuco, nesta terça-feira (15). Ele não compareceu a uma reunião com representantes desta comunidade.
Os moradores, por volta das 7h15, se concentraram próximo ao prédio da Escola APAE, no Timirim, de onde partiram, em caminhada, rumo à prefeitura. Portando cartazes e gritando palavras de ordem, os manifestantes, em cujo meio havia diversas crianças, algumas delas com participação ativa no ato, foram acompanhados por uma viatura da polícia que garantiu a segurança do pessoal.
O ato tinha como uma das principais motivações pedir ao prefeito a suspensão de uma Ordem Judicial determinando a retirada dos moradores das ocupações em um prazo que, inicialmente, se encerraria no próximo dia 26 de setembro. Conforme Guilherme, das Brigadas Populares, “o prefeito Keisson (PT) havia firmado um compromisso de, tão logo fosse feito o cadastro das famílias, pedir a suspenção da ordem”, o que, até aquele dia, não havia sido feito. O prefeito foi acusado de mentir em uma rádio da cidade, ao dizer que o documento não existia mais.
Durante a caminhada, o governo do município foi duramente criticado pelos que faziam uso da palavra. De maneira pacífica e ordeira, os manifestantes, após o trajeto percorrido, se concentraram no jardim em frente à prefeitura. Ali começaria uma longa espera por uma audiência que só aconteceu por volta das 15h. Enquanto isso diversos participantes da caminhada se revezavam no microfone, com discursos inflamados. Até algumas das crianças que estavam presentes mandaram recados para o prefeito, citando-o nominalmente. Um garoto, aparentando ter entre nove e dez anos, disse: “prefeito, pode vir aqui, nós não somos bichos”.
Entre os manifestantes, no gramado, esteve, por um longo período, o padre Sérgio, da Igreja São Sebastião, no Centro Sul. A espera pelo encontro com o prefeito foi recheada de informações desencontradas com relação à presença do político em Timóteo. Falou-se que ele estava em Brasília, mas a informação foi desmentida logo depois com outra, segundo a qual ele esteve em uma emissora de rádio da cidade e estaria se dirigindo para a prefeitura.
O pessoal, resistente, não aceitava sair dali sem realizar o encontro e a ideia de uma permanência por tempo indeterminado no local, até que a audiência acontecesse, ganhou corpo entre os manifestantes.
O ânimos não se exaltaram, e, por volta das 15h, uma comissão do governo, recebeu nove representantes dos manifestantes. O prefeito não esteve presente na reunião. Com o início da reunião os participantes da manifestação passaram a viver a expectativa de um desfecho favorável, ou não, ao pleito da suspensão da ordem de despejo.
Horas depois a comissão de moradores deixava o local da reunião. Era visível que a informação que seria passada para o pessoal não seria a tão esperada. Confirmado. O advogado Guilherme, das Brigadas Populares, reuniu os manifestantes e comunicou a eles, didaticamente, o resultado do encontro. Guilherme explicou os pontos que ele definiu como mais importantes da reunião. Guilherme disse que a comissão de moradores foi recebida pelo Procurador do Município e mais três Secretários de Governo. O advogado contou que, durante a reunião, o Procurador do Município afirmou que a questão da suspensão da Ordem Judicial, após a conclusão do cadastro dos moradores, não era do seu conhecimento e que ele haiva sido informado “de outra coisa”. O advogado dos morador insistiu na declaração do “compromisso” do prefeito de suspender a Ordem de Despejo e perguntou pela presença do prefeito, naquela mesa, para esclarecimento a respeito. O Procurador garantiu a Guilherme que entraria em contato com o prefeito e que, nesta quarta-feira, comunicaria o resultado da conversa com o prefeito ao advogado dos moradores. O defensor do pessoal colocou a suspensão do processo de despejo como um dos mais importantes itens da negociação com o Governo do Município. De acordo com Guilherme, caso a suspensão não seja concedida outras manifestações poderão acontecer, dependendo de deliberação em assembleias com os moradores.
O advogado do moradores falou sobre outros pontos que foram tratados na reunião com os representantes do prefeito como, por exemplo, a questão do estudo topográfico pretendido pela prefeitura nas áreas ocupadas e o reassentamento de famílias no Jardim Vitória.
O defensor das famílias, afirmou que a questão da suspensão da Ordem Judicial de Despejo do moradores das ocupações é o principal ponto de luta, neste momento e que, uma eventual rejeição deste pleito irá pautar a movimentação da famílias daqui para a frente, com relação à visibilidade da luta delas a favor de moradia na cidade.
Sou Silas Rodrigues, o Silas do Blog, fundador deste site, com quase 15 anos de existência. Gleiziane é minha esposa e repórter fotográfica.