Ligue-se a nós

Notícias

Pastor de Ipatinga dispara contra convenções que enviam missionários, uma tarefa, segundo ele, mais apropriada à igreja local.

Publicado

no

Compartilhe esta publicação
foto 3 (2)

Pr. Eber Rosa, em uma de suas visitas à Bolívia

O pastor, que pertence a uma convenção onde o fato acontece, não teme as repercussões de suas críticas e dispara contra todos os órgãos desta natureza que agem da forma que, no seu entender, foge à normalidade.

O Pr. Eber Rosa, assessor da presidência do campo eclesiástico da Assembleia de Deus de Ipatinga e Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, hoje um dos maiores do Estado de Minas Gerais, disparou sua metralhadora contra aquilo que ele qualificou como ato de irresponsabilidade de algumas convenções. O religioso, um dos mais influentes da cidade de Ipatinga, pediu seriedade no trato com a questão de missões e criticou duramente as convenções ministeriais que assumem o papel de enviar e “manter” missionários.

Ele disse que no caso da Assembleia de Deus de Ipatinga e Coronel Fabriciano, a tarefa é de exclusividade de um órgão criado especificamente para essa finalidade. “Estamos fazendo o que Deus nos manda fazer, enviando missionários como igreja local. Temos muitos exemplos disso na Bíblia, mas quero citar apenas um, que é quando Paulo e Barnabé foram enviados para missões. Deus os chamou e a igreja os enviou”, comentou Rosa.

O assessor do presidente Pr. Antônio Rosa, que está na Bolívia, tratando exatamente de questões ligadas a missões, citou como exemplo de uma atitude bem sucedida, o fato da própria Assembleia de Deus no Brasil ter sido fundada por dois homens que contaram, na época, com o apoio moral e espiritual dos seus conterrâneos. “Exemplo de nossa Assembleia de Deus no Brasil, através dos seus fundadores. Deus falou e eles vieram sem apoio financeiro de uma igreja, mas com o apoio moral e espiritual, que é o mais importante”, frisou Eber Rosa.

Rosa foi duro nas suas críticas às convenções, tanto a nível estadual quanto a nível nacional que invadem a área que deveria ser de atuação exclusiva das igrejas locais, enviando missionários. Ele destaca que convenção, pela própria definição e causa existencial, é um órgão destinado exclusivamente a cuidar de ministros e não de missionários. “Não vejo com bons olhos convenções nacionais e estaduais enviarem missionários. Até porque o próprio nome diz: a convenção é de ministros e não de missionários”.

IMG_9828

Sede da Missão Boas Novas, em Ipatinga, órgão do ministério presidido pelo Pr. Antônio Rosa, responsável pelo departamento de missões.

Eber Rosa invocou alguns exemplos pessoais para sua defesa no sentido de que convenções não devem misturar apoio a obreiros e a missionários. Ele citou o caso da SENAMI, órgão ligado à Convenção Nacional da Assembleia de Deus no Brasil. O assessor disse que foi enviado pelo ministério de Ipatinga, com o apoio moral desta sigla. Conforme o pastor ipatinguense, desde 1998 ele aguarda o envio do seu documento que o identifica como missionário, vencido à época. Eber disse que foram infrutíferas todas suas tentativas de obter o documento e que o apoio que ele esperava que fosse receber da SENAMI não se verificou como fato. “Fiz várias solicitações de livros em espanhol. Não existia a revista da escola dominical nesse idioma. Eu enviei sugestões para eles criarem para atender a demanda, já que traduzir as existentes era algo para profissional”, relatou o assessor.

O Pr. Eber Rosa, que coordena os trabalhos relativos à realização da 65ª AGO da Comadvardo em Ipatinga, se disse insatisfeito com a Secretaria Nacional de Missões, embora seu pleito no sentido da criação das lições bíblicas em espanhol, de  certa forma, tenha sido acatado. O líder imaginava que, uma vez criadas, essa lições seriam distribuídas gratuitamente, ou num valor simbólico, já que se destinam a missões. Rosa era missionário na Bolívia, quando teve a dura experiência de descobrir que as revistas criadas pela SENAMI pecavam na forma de sua distribuição, sendo vendidas, à época por 5 dólares, o que inviabilizava sua aquisição, devido à escassez de recursos.

Como secretário de missões, também, naquele período, Rosa fez uma solicitação de desconto nas lições criadas pelo órgão ligado à CGADB. O pastor disse que até hoje não recebeu resposta à sua correspondência.

Voltando a alfinetar as convenções que enviam missionários, num desvio de função, o pastor que assessora o ministério da Assembleia de Deus de Ipatinga e Coronel Fabriciano, lembrou que os homens que se dispõem a saírem de seus países para atuar como missionários precisam de estabilidade e respeito. “Se amanhã mudar a diretoria, e os sucessores tiverem uma visão diferente da questão e decidirem alterar a medida que culminou no envio destes obreiros, quem irá sustentá-los”?, perguntou. “Claro, sabemos que é Deus Quem cuida, mas não se faz missão sem o apoio de uma igreja local, com orações, apoio moral e financeiro”, concluiu Rosa.

Eber Rosa lembrou de alguns episódios envolvendo missionários enviados ao campo por convenções. O religioso deu a entender que estes obreiros são abandonados pelos órgãos que os enviam que, na verdade, estão apenas querendo engrossar suas estatísticas como instituições que disputam qual tem o maior número de missionários enviados pelo mundo. Para exemplificar, Eber citou um fato bastante constrangedor, ocorrido em uma convenção, cujo nome ele preferiu não citar. Do caso, infere-se que seus autores agiram com extrema irresponsabilidade, para não usar outro adjetivo. Afinal, o Fórum, agora, é o local de reuniões de vários ministérios. Você fala, e o processo vem.

Voltando ao assunto, o exemplo do Pr. Eber Rosa foi no sentido de que a referida convenção enviou um missionários para um determinado país e este começou a passar necessidade. O diretor de missões desta convenção fez uso da palavra, pedindo dinheiro para ajudar este obreiro. A reação, imediata, de acordo com o relato de Rosa, foi de um fogo amigo. O presidente da convenção em questão, usou logo o microfone e repreendeu o diretor, acusando-o de ter lhe arranjado um problema e de ter desacatado uma orientação sua, no sentido de que não enviasse missionários pela convenção sob sua presidência. “Vocês, a única coisa que fazem, é arrumar problemas para mim”, teria dito este presidente para o diretor pedinte, que o advertiu, e sua equipe, no sentido de buscar aprender com mais aquele erro e “não saírem enviando missionários por ai só para falar que somos a convenção com maior número de missionários enviados”. Este líder, ainda de acordo com o Pr. Eber Rosa, alertou o diretor de missão para que aprendesse a obedecer seus pastores e não desacatar sua orientações.

Mas os exemplos para embasar suas críticas não pararam neste. O pastor de Ipatinga disse que na Bolívia, onde o ministério que ele assessora mantém frentes de atuação missionária, a direção local e o ministério de Ipatinga, vem enfrentando problemas com missionários enviados por convenções estaduais no Brasil. Chegando naquela nação, estes missionários, conforme Eber, tiram proveito dos recursos da missão boliviana, usam o nome da instituição e, depois, se rebelam, abrindo denominações para seus projetos pessoais. Quando as convenções que enviaram estes homens são procuradas, seus dirigentes simplesmente desconversam, pedindo ao ministério boliviano que entre em contatos com os pastores dos ministérios a que eles pertencem no Brasil. Situações desta natureza, inclusive, têm provocado várias reuniões na Bolívia, das quais o Pr. Eber tem participado, pois faz parte da diretoria do ministério naquele país. Uma destas reuniões aconteceu esta semana. “Temos de ser sinceros e responsáveis quando se trata, também, de enviar missionários”, conclamou Rosa.

foto 3 (1)

O ministério boliviano tem enfrentado problemas com missionários abandonados pelas convenções que os enviam ao país

Sem citar nomes, Eber não poupou nenhuma convenção que se enquadra no seu pensamento quanto à questão de missões. Ele disse que, às vezes, no início, uma iniciativa assim pode até dar certo mas, depois, se revela como algo que não deveria ter ocorrido. Para o líder ipatinguense uma convenção não reúne os quesitos necessários para se intitular como órgão que atua no campo de missões. Ele raciocina que a rotatividade de dirigentes de instituições desta natureza coloca em jogo a segurança do missionário. Quanto à igreja local, Eber entende que, mesmo mudando a direção, um eventual pleito na justiça para garantir a manutenção dos homens que estão no campo pregando é mais viável com visível possibilidade de sucesso.

Além do aspecto de se tratar de um desvio de função, Rosa entende que na maioria das vezes quando uma convenção assume o papel de “missionária” é mais uma questão de vaidade dos seus diretores que buscam status e poder, através desta inciativa que lhes propicia, via de regra, viagens para outras nações, onde, chegando, exercem mais a atividade de turistas do que, propriamente, de alguém que foi  àquele país para apoiar missionários.

Pastor Eber Rosa concluiu sua manifestação citando o caso de Ipatinga, onde o ministério se preocupou em criar um departamento exclusivo para missões.

“Em Ipatinga, no nosso ministério, temos um departamento de missões, ha mais de 30 anos, muito bem organizado e administrado. Não precisamos passar por convenção, porque sempre conscietizamos nossos membros e obreiros da importância de se fazer a obra missionaria. Já temos congressos de missões para este ano tanto em Ipatinga como em Coronel Fabriciano, cujas datas nosso diretor posteriormente irá divulgar. Hoje somos procurados por vários missionários pedindo apoio, alguns enviados por convenções e outros por ministérios locais que  estão abandonados no campo, por que mudou o presidente da convenção”.

Ao encerrar, o assessor da Assembleia de Deus de Ipatinga e Coronel Fabriciano fez as seguintes considerações:

 “Temos como exemplo maior a CGADB que não faz esse tipo de trabalho e, pelo contrário, nos orienta enviar missionários como igreja local. O congresso de Camboriú é o maior exemplo. A  igreja e o projeto deles é que enviam missionários e não a convenção. Também o pastor Álvaro, de Uberlândia, ele é presidente na convenção do triângulo mineiro mas tem uma junta missionaria que nada tem haver com a convenção para enviar missionários”.

Eber Rosa tem retorno previsto para o Brasil no próximo sábado.

Perguntado por nossa reportagem se não teme a reação de setores com esta publicação, Rosa foi enfático em dizer que sustenta suas opiniões, indiferente delas agradarem ou desagradarem fulano ou cicrano.

Continuar Lendo