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11 anos atrásno
O que seria realidade ou ter a possibilidade de se-lo apenas em uma mente ou para uma mente cuja sanidade estivesse em evidência, aconteceu na noite deste domingo, em Ipatinga, no leste mineiro, na Catedral da Família, no bairro Vagalume, sob a liderança do Pr. Wagner Santos, recentemente formado em Direito.
O padre Gabriel, que atua na paróquia do bairro, ministrou para os evangélicos, num total de cerca de 500. A galeria do suntuoso templo e sua nave estavam tomadas pelo público. Olhares curiosos, como se não acreditassem no que lhes fora anunciado para aquela noite, era a expressão predominante no ambiente.
Na primeira fileira de cadeiras, já por volta das 19h, padre Gabriel folheava sua bíblia e se portava como se aquela fosse uma missão muito natural em sua carreira, ministrar para um público que, até há pouco tempo, lhe era hostil, naquela rivalidade típica entre católicos e evangélicos. De camisa branca, o sacerdote foi cumprimentado e abraçado por alguns fiéis que não continham a alegria de vê-lo no local. O religioso levou consigo uma dupla responsável pelos cânticos em sua paróquia. A exemplo do que fazem em sua denominação de origem, a dupla cantou numa demonstração de muita sintonia com o sacerdote, coisa de quem atua sempre juntos.
Pr. Wagner, responsável pelo convite que, a rigor, recebia a visita do padre como retribuição às duas que fizera à sua igreja, com tranquilidade e consciência da polêmica embutida na programação daquela noite na Catedral que lidera, abriu o culto convidando sua ilustre visita para ocupar o púlpito. O convidado não hesitou e ocupou um confortável assento instalado no altar.
A curiosidade tomava conta do ambiente, sentimento que era aguçado com o passar das horas, rumo ao momento em que padre Gabriel iria ministrar. Ali aconteceria algo que evidencia um tempo em que grandes transformações tomam conta do meio evangélico. Umas como afirmação de uma prática de vida que leva ao céu e outras que deturpam a mensagem genuína do Senhor Jesus. Padre Gabriel iria desfazer um estigma para uns, dogma para outros e doutrina para muitos. Ele estava em um terreno marcado por hostilidade e repulsa ao rebanho que pastoreia e às teses que tornam sua religião algo bem distinta daquela defendida por milhões de brasileiros evangélicos.
Pr. Wagner Santos, com roupagem e fé pentecostais, ousou na sua ideia e chamou para si a atenção da cidade de Ipatinga. “Silas, muitos me criticaram por decidir trazer o padre aqui. Pensaram que a igreja não teria este tanto de gente que teve”, disse Wagner, que não vai parar por ai. Em agosto o evangélico e o líder católico irão promover uma caminhada pelas ruas do bairro Vagalume, a favor da paz.
Por 21 minutos e 49 segundos, padre Gabriel fez uso dos microfones para sua preleção. Depois de fortes aplausos, o sacerdote iniciou dizendo que pediram a ele para falar sobre família. O religioso, que não é casado, disse que “a família é o maior tesouro que nós temos”. Padre Gabriel exortou a todos no sentido de amarem suas famílias. Ele baseou sua mensagem na carta de Paulo aos Romanos, capítulo 12, versículos 9 ao 21. O sacerdote definiu a carta como complicada mas disse ter escolhido a parte mais fácil de interpretação.
O sacerdote defendeu a prática do amor e colocou a família em relevo, elegendo-a como uma das principais instituições capazes de promover a paz entre seus membros. Com o tom didático e a voz características dos padres católicos, o pregador não fugiu à linha do seu raciocínio, mesmo quando se reportou à sua família, lembrando-se de momentos que marcaram sua vida junto aos seus irmãos que, segundo ele, são nove, alguns deles divorciados.
Durante a preleção, padre Gabriel conviveu com alguns glórias a Deus e aleluias na conclusão dos seus pensamentos. O público, silencioso na sua maioria, tragava cada palavra do católico como se esperasse que ele fosse tropeçar em alguma parte. O padre não tropeçou, foi firme até o final e não deixou emoção aparente, mantendo a tranquilidade como se ali estivesse falando para seus fiéis.
Pr. Wagner, tão logo o convidado encerrou sua participação, o abraçou num gesto de gratidão pela visita e como se num elogio à sua performance. Gabriel, que por duas vezes rejeitou um suco que lhe foi oferecido, respondeu ao pastor amigo com um sorriso e aceno de mão estendido para o público.
O culto continuou na sua liturgia e padre Gabriel permaneceu no local, onde, no final, foi abraçado por fiéis, ao lado de alguns dos quais pousou para foto.
Sou Silas Rodrigues, o Silas do Blog, fundador deste site, com quase 15 anos de existência. Gleiziane é minha esposa e repórter fotográfica.