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“Eu estava possuída pelo demônio”, disse travesti que ficou desfigurada após ser presa em São Paulo

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Uma travesti, presa desde sexta-feira (10) por suspeita de tentativa de homicídio contra uma vizinha de 73 anos, ficou desfigurada no período em que esteve na carceragem do 2º DP em Bom Retiro, São Paulo. Imagens da presa seminua e machucada foram divulgadas em diversos sites da internet.

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Segundo a Polícia, Veronica Bolina (nome social), de 25 anos, teria apanhado de outros presos na cela após masturbar-se no local, no domingo (2). Além disso, também teria mordido e arrancado a orelha de um carcereiro que entrou sozinho na cela para ajudá-la. No entanto, militantes do movimento LGBT contestam a versão e afirmam que ela teria sofrido tortura.

Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou que investiga o caso e o vazamento das imagens de Veronica. Nas fotos ela aparece desfigurada, seminua, algemada e com os pés amarrados no corredor externo da delegacia.

De acordo com o delegado titular do 2º DP,Luiz Roberto Hellmeister, o carcereiro agredido foi um dos responsáveis pelos ferimentos de Veronica, pois precisou de defender.

A outra parte dos ferimentos foi por conta dabriga de Veronica na sexta-feira, motivo pelo qual foi presa. Hellmeister também informou que não sabe quem fez as imagens.

Segundo ele, o carcereiro não agrediu a vítima por preconceito. “Quem lesionou a cara dela no soco foi a vítima (carcereiro) que perdeu a orelha. Não foi porque era travesti”.

Veronica prestou depoimento a polícia nesta quarta-feira (15) e confirmou o que foi dito pelos policiais. “Eu estava possuída pelo demônio”, afirmou.

Vanessa Vieira e Áurea Maria Manoel, defensoras públicas do Núcleo de Combate à Discriminação, afirmaram que existem “indícios de agressão”. Segundo elas, não foi possível falar com a presa sem a presença de policiais até esta quarta-feira.

Em aúdio gravado em entrevista com a coordenadora estadual de Políticas para Diversidade Sexual, Heloísa Alves, Veronica diz: “Eles tiveram que usar as leis deles. Eu só fui contida, não fui torturada.” Participantes do movimento LGBT criticaram a gravação.

Ainda segundo o delegado, a travesti poderia ter pedido uma sela separada dos outros presos, mas não realizou a solicitação.

Diário do Nordeste

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