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Deputados pedem investigação sobre ‘petista bom é petista morto’

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O Tempo

CAMILA KIFER

TÂMARA TEIXEIRA

Um grupo de deputados petistas solicitou ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) nesta segunda-feira (5) que investigue os responsáveis pelos panfletos com a mensagem “petista bom é petista morto”, que foram distribuídos durante o velório do ex-presidente da Petrobras e do Partido dos Trabalhadores (PT), José Eduardo Dutra, que ocorreu em Belo Horizonte.

A comissão formada pela presidente do PT, Cida de Jesus, e os deputados Durval Ângelo, Rogério Correia e Cristiano Silveira, se encontrou com promotor Eduardo Nepomuceno para entregar uma representação contra manifestantes que passaram pelo local durante o funeral.

FOTO: REPRODUÇÃO / FACEBOOK
5.10.2015
Deputados pediram apuração de ofensas ao promotor Nepomuceno

No documento, os petistas alegam que ocupantes de uma Volkswagen Saveiro passaram pelo local atirando os panfletos para fora do veículo.

Segundo publicou o deputado Durval Ângelo em sua página no Facebook o promotor teria afirmado que o “fato pode caracterizar infração penal”. Nepomuceno teria salientado ainda que, “além da perturbação de cerimônia funerária, pode haver outros crimes envolvendo o grupo”, segundo a publicação.

A reportagem tentou contato com o MPMG e com o promotor para saber se a solicitação foi protocolada e quais as medidas que serão tomadas, mas não foi atendida.

Panfletos ofensivos

Nas proximidades do local do funeral, um carro passou rápido e jogou papéis criticando o PT. Um dos panfletos diz “petista bom é petista morto”, e em um outro consta a frase “só faz cagada”, sobre uma foto da presidente Dilma Rousseff, sentada em um vaso sanitário. “São ações orquestradas. É lastimável. Nos dói muito esses panfletos e o clima de intolerância”, criticou o deputado estadual Durval Ângelo (PT), que é líder do governo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) “.

FOTO: ALEX DE JESUS/O TEMPO
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Folhetos ofensivos foram distribuídos em velório, fechado ao público

Sobre os panfletos ofensivos a presidente e ao partido, o ex-deputado federal Virgílio Guimarães, contemporâneo de Dutra, comentou “é lamentável, e parte dessa onda de ódio que vive o país”.

Manifestantes também estiveram na porta do funeral, por cerca de 40 minutos, e protestam contra o ex-presidente Lula. O grupo segura cartazes com os dizeres: “Lula traidor”, “Lula, pai dos ricos”, Lula, amigo seu, nem morto” e “Lula, sua hora está chegando”.

FOTO: ALEX DE JESUS
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Manifestantes colocaram faixas contra o PT em frente o funeral de Dutra

Ao saber da manifestação contrária ao partido, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT) afirmou que “este pessoal não têm nenhuma representatividade. Eles tentam causar constrangimento totalmente inadequado”. O Saveiro preto passou mais de uma vez no local. Ele tem adesivos que criticam o Lula e o PT.

O velório

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, ambos petistas, estiveram presentes por cerca de duas horas no velório do ex-presidente da Petrobras e do Partido dos Trabalhadores (PT), José Eduardo Dutra. Ele tinha 58 anos, e morreu nesse domingo (4) em decorrência de um câncer de pele. Dutra, que já foi senador, era natural do Rio de Janeiro e fez carreira política em Sergipe.

O velório aconteceu a portas fechadas, apenas para familiares, amigos mais próximos e autoridades. Em seguida, o corpo de Dutra foi cremado no cemitério Parque da Colina, na região Oeste da capital.

FOTO: UARLEN VALERIO
Politica - Belo Horizonte - Minas Gerais<br /><br />Morre ao 58 anos anos Jose Eduardo Dutra, ex presidente nacioanl do PT e da Petrobras.<br /><br />Esta sendo velado no Funeral House em BH</p><br /><p> foto: Uarlen Valerio / O Tempo 20151005
Dutra foi velado no Funeral House, em BH, na manhã desta segunda

Conforme a segurança do governador, Pimentel buscou Lula no aeroporto da Pampulha. Ministros e outras autoridades também comparecem. Foram disponibilizadas vagas no entorno do local da cerimônia para os participantes.

A deputada estadual Marília Campos também esteve presente. Coroas de flores, em nome de Dilma e do Instituto Lula chegaram para homenagear Dutra.

“Ele (Dutra) era uma pessoa de valor. A marca dele é a ética pública, que para mim é probidade e o radical compromisso com a democracia e a Justiça social”, afirmou o secretário estadual de Direitos Humanos, Nilmário Miranda (PT).

Homenagem de Lula

Sem conversar com a imprensa, Lula, Pimentel e o atual presidente do PT, Rui Falcão disseram algumas palavras destacando a importância de Dutra no partido e como presidente da Petrobras.

“Quando muita gente acreditava que a Petrobras precisava ser privatizada, ele (Dutra) foi uma das pessoas que no momento em que governou a Petrobras, recuperou a Petrobras e deu uma dimensão extraordinária a Petrobras”, discursou Lula, próximo ao caixão.

FOTO: RICARDO STUCKERT/INSTITUTO LULA
Lula no enterro de Dutra
Lula e Fernando Pimentel prestaram homenagens em funeral

Em outro momento, o ex-presidente disse que a família de Dutra tinha motivos para se orgulhar do companheiro. “Nós somos como se fosse uma árvore. Nós morremos, mas deixamos frutos. A vida continua. Ele renasceu nos filhos, renascerá nos netos e o que é importante é que a gente guarde José Eduardo aqui pelo o que foi a sua passagem pela terra, com a dignidade e seu compromisso com a luta pelo povo pobre deste país, com a luta dos trabalhadores brasileiros, para construir um país democrático e justo”.

Emocionado, e se dirigindo ao amigo falecido, Lula finalizou: “Acho, Zé, que você cumpriu com a sua tarefa. O importante é que sua mãe, irmãs e filhos, estão conscientes do papel que você exerceu. Espero que seus filhos consigam seguir o exemplo de dignidade que você conseguiu dar nestes 58 anos de vida. A sua carne se vai, mas as suas ideias permanecem. E são suas ideias que vão ajudar os seus filhos, seus netos e vários companheiros seus do Sergipe. A sua passagem pela terra valeu muito e valeu muito mais a pena ter conseguido ser seu amigo”.

Ouça a fala de Lula na íntegra:

Histórico

José Eduardo Dutra, que nasceu no Rio de Janeiro, mas fez carreira política em Sergipe, assumiu a presidência do PT em 2010, mas ficou no cargo apenas até abril de 2011, devido a problemas médicos. No seu lugar, assumiu Rui Falcão, o atual presidente da sigla.

Também trabalhou como um dos coordenadores da campanha da eleição de Dilma Rousseff, em 2010, ao lado de Antonio Palocci e do ministro da Justiça. José Eduardo Cardozo. Dutra foi presidente da Petrobras, tendo assumido o cargo, em 2003, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sendo substituído em julho de 2005 por José Sérgio Gabrielli.

Depois, ele retornou à empresa em 2007, como presidente da BR Distribuidora, deixando o cargo em janeiro de 2009 para disputar a presidência do PT, quando foi eleito. Antes, foi presidente do Sindicato dos Mineiros do Estado de Sergipe, entre 1989 e 1994, e dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), de 1988 a 1990.

Em 1994, foi eleito senador por Sergipe. Atualmente era o primeiro suplente do senador Antônio Carlos Valadares (PSB/SE).

O Tempo

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