Os diversos grupos e entidades suprapartidários que estão engajados para que haja uma grande manifestação de protesto contra o governo do presidente Dilma no próximo domingo (12) têm um grande desafio pela frente: colocar nas ruas multidão igual ou superior à que superlotou, por exemplo, a Avenida Paulista, em São Paulo — 1 milhão de pessoas, no maior movimento de massas desde a redemocratização do país, em 1985 — e que levou mais outro milhão a se movimentar em todas as capitais de Estado, no Distrito Federal e em muitas cidades do interior.
Em Coronel Fabriciano cantora evangélica Gil Costa, uma dos idealizadores do movimento “Vem Pra Rua Fabriciano”, está fazendo sua parte para que esse resultado seja alcançado. Gil está convocando a população de Coronel Fabriciano para a manifestação do próximo domingo. O local de concentração será a Praça da Bíblia, a partir das 9h. De lá, os manifestantes caminhão até o centro da cidade, na Praça da Estação, onde haverá o encerramento.
A cantora, que congrega na Assembleia de Deus do bairro Olaria, em Timóteo, afirmou, na tarde desta quarta-feira, que a mobilização da comunidade segue a todo vapor e alguns grupos, como, por exemplo, a Maçonaria, já garantiram presença. Gil revelou que não será permitida nenhuma bandeira na manifestação, senão a do Brasil. “Estamos pedindo as pessoas para que compareçam vestidas de verde e amarelo. Bandeira, só a do Brasil”, solicitou a cantora.
A evangélica se mostrou bastante indignada com o governo Dilma. “Uma das coisas que me deixa mais indignada é o fato de ver família (brasileira) sendo desfeita; a saúde do povo e a educação abandonadas. O Brasil perdeu a credibilidade externa e interna”, disparou Gil Costa.
A organizadora do movimento admitiu estar recebendo críticas pelo fato de ser evangélica e estar engajada na manifestação do dia 12. “Na verdade sinto muito por ser criticada, porque estou lutando para que meus filhos e futuros netos tenham um país melhor. O fato de eu ser cantora evangélica não me tira o direito de ser brasileira e lutar contra a violência e corrupção”, respondeu Gil Costa.
Com relação à segurança dos manifestantes, a coordenadora disse que embora seja uma “manifestação pacífica”, a Polícia Militar deverá estar acompanhando o movimento.
Em tempo…
Criador do Revoltados Online, mais popular grupo anti-Dilma nas redes sociais, rechaça presença de ateus em coordenadoria e afirma que “com Deus na nossa frente grupo é imbatível”
As quase 800 mil curtidas da página do Revoltados Online no Facebook mostram um claro apoio de alguns setores da sociedade à principal bandeira do grupo: o impeachment de Dilma Rousseff. No entanto, se houver alguém com interesse real em se juntar às lideranças do movimento, terá de respeitar algumas regras criadas por seu fundador, Marcello Reis, de 40 anos.
Bárbara Libório/iG São Paulo
Marcello Reis, o líder do Revoltados Online: “Com Deus na nossa frente somos imbatíveis”
Para se tornar coordenador do grupo são necessárias três características primordiais: naturalmente, ter como objetivo a derrubada da chefe do Executivo; não ser filiado a nenhum partido político, já que o movimento se define como apartidário; e, por fim, seguir o cristianismo. Os outros protagonistas dos atos recentes – Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre – afirmam não ter regras específicas para filiação.
“Nunca vou colocar um ateu dentro do Revoltados Online. Afinal, por que eu daria uma função importante para uma pessoa que não acredita no que acredito?”, diz Reis em entrevista ao iG, realizada na sede do grupo que fundou em 2004, localizada na região central de São Paulo. “Pregamos o lema ‘juntos, somos mais fortes, e com Deus na nossa frente, somos imbatíveis. E é assim que agimos.”
A ligação de Reis e seus seguidores com a religião cristã fica patente a qualquer pessoa que permaneça por mais de alguns minutos em um ato do grupo. Em meio à execução da canção “Impeachment”, da banda parceira Os Reaças, e do Hino Nacional Brasileiro, o Revoltados Online reza sempre o “Pai Nosso”. A prece costuma ser puxada pelo próprio Reis, com a mão direita sobre os olhos e o braço esquerdo erguido para o ar.
“Não estamos preocupados se o budista ou seguidores de outras religiões que estarão no protestos rezarão o ‘Pai Nosso’. Ninguém é obrigado a seguir nossa fé. Mas nós servimos a Deus e se a pessoa que está lá não o segue não sei o que elá está fazendo no nosso protesto”, afirma ele, cujos textos postados nas redes sociais não raro vêm acompanhados de citações de salmos da Bíblia.