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10 anos atrásno
No início da tarde desta quinta-feira (8), centenas de pessoas, entre amigos, familiares e admiradores, se despediram do corpo da enfermeira Elza, sepultado no Cemitério Jardim da Saudade, em Timóteo. A causa da morte da grande profissional até àquela altura não havia sido definida. Elza passou mal em Brasília. Socorrida, faleceu alguns depois, na terça-feira (6). Ela viajou para a Capital Federal no último dia 29 de dezembro, segundo seu esposo. Há alguns meses, ainda como revelou o marido, exames médicos indicaram que o coração de Elza estava com tamanho anormal, um pouco crescido. O corpo da enfermeira chegou na capela do Jardim da Saudade por volta das 3h, onde amigos e parentes o aguardavam para iniciarem o velório.
Se o coração de Elza, antes dela falecer, apresentou tamanho avantajado, era, de fato, uma situação capaz de preocupar seu esposo, filho e pessoas mais próximas. Mas, o amor que Elza sempre devotou a todos vinha de um coração largo, espaçoso onde guarida era oferecida aos que conviviam com ela, aos que precisavam do seu apoio e aos que sabiam o valor de uma palavra amiga e de consolo.
Foi unanimidade, durante o velório, ouvir conceitos gloriosos e meritórios a respeito desta mulher que fez do seu profissionalismo uma vocação para salvar vidas e repor energias. Procuramos no local por alguém que pudesse falar sobre ela e nos foram indicadas várias pessoas para fazê-lo, o que deixou claro que a vida de Elza era um livro aberto, de histórias republicanas e de filantropia, e muitos, ou todos, que gravitaram na órbita da sua amizade, sabiam muito sobre sua vida e tinham momentos vividos em comum com a enfermeira, traduzidos em lembranças de ternura e desprendimento desta mulher, recolhida à eternidade aos 62 anos. Uma destas privilegiadas pessoas é a amiga “Dora”. Os olhos de “Dora” brilharam ao falar sobre sua infância com Elza. Ela contou fatos que sublinharam a solidez da amizade que uniu as duas. “Parecíamos duas irmãs”, disse “Dora”.
Elza deixa um legado de competência profissional. Sua função de enfermeira não era trampolim para a busca de status da profissão ou rendimentos dela provenientes. Elza transformou sua competência em uma ferramenta capaz de amenizar situações. Os que usufruíram do calor das suas mãos e do toque da sua capacidade sentiram que ela era chamada para ser o que era, pois era o que foi chamada para ser.
Elza veio de Vermelho Novo para Timóteo, ainda criança. Aqui descobriu sua vocação para a área da saúde. Em sua trajetória profissional consta passagens por diversos hospitais do Vale do Aço, dentre eles, o São Camilo, em Timóteo, a FAST (hoje secretaria de saúde); hospital Siderúrgica, em Coronel Fabriciano e ACESITA ( atualmente Aperan). A última ocupação de Elza foi cuidar de idosos.
A morte desta enfermeira, evangélica da Assembleia de Deus, do bairro Cruzeirinho, encerra uma vida dedicada ao ser humano. Sua conduta, como cidadã e serva de Deus, mereceram testemunhos admiráveis e sublinhadores de um comportamento que se rarefaz a cada dia. “Perdemos uma grande serva de Deus. Era assídua nos cultos, estudos bíblicos e outras atividades da igreja”, disse Pr. Rogério Trindade, regional do bairro Alegre, à qual a congregação do Santa Maria, onde Elza era membro, está subordinada. Pr. Rogério foi quem presidiu o culto memorial.
Elza, de fato, pelos relatos que ouvimos, constitui alguém que merecia o cortejo que teve, lotado de amigos e familiares. Naquele túmulo, certamente, jaz o corpo de uma enfermeira que receitava amor e injetava ternura.
Sou Silas Rodrigues, o Silas do Blog, fundador deste site, com quase 15 anos de existência. Gleiziane é minha esposa e repórter fotográfica.