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A Polícia Civil de Pernambuco investiga as circunstâncias da morte de Alícia Valentina Lima dos Santos Silva, de 11 anos, agredida por colegas dentro de uma escola municipal, em Belém do São Francisco, no sertão pernambucano.
A estudante morreu no domingo (7/9), quatro dias após o ataque, e o caso, inicialmente registrado como lesão corporal, foi reclassificado para lesão corporal seguida de morte. O boletim de ocorrência aponta que a motivação teria sido a recusa da vítima em “ficar” com um colega. A seguir, veja o que se sabe até o momento sobre o caso.
QUEM ERA A VÍTIMA?
Alícia Valentina Lima dos Santos Silva tinha 11 anos e morava em Belém do São Francisco, cidade de cerca de 22 mil habitantes a 440 km do Recife. Estudava na Escola Municipal Tia Zita e, segundo familiares, era uma menina querida por colegas e professores, e que não se envolvia em brigas.
Em nota de pesar nas redes sociais, a direção da escola afirmou que Alícia “sempre será lembrada com carinho pela sua alegria, simplicidade e convivência entre colegas, professores e funcionários”.
COMO ACONTECEU A AGRESSÃO?
De acordo com o boletim de ocorrência registrado na Delegacia da 188ª Circunscrição, a estudante foi interceptada na quarta-feira (3) no banheiro da escola ou próximo a ele e espancada por quatro meninos e uma menina.
O documento policial afirma que um dos agressores iniciou os ataques porque Alícia se recusou a “ficar” com ele. As informações foram relatadas por outra aluna, também criança, e registradas na delegacia pela tia da vítima.
QUAIS FORAM OS ATENDIMENTOS MÉDICOS RECEBIDOS?
Logo após a agressão, Alícia apresentou sangramentos no nariz e no ouvido. Ela foi levada ao Hospital Municipal Dr. José Alventino Lima, em Belém do São Francisco, onde recebeu os primeiros socorros e, segundo a família, foi liberada.
Ainda de acordo com o relato dos familiares, Alícia voltou a ter sangramentos horas depois e foi levada a um posto de saúde, mas novamente recebeu alta. Ao chegar em casa, passou a vomitar sangue e retornou ao hospital.
Com o agravamento do quadro, foi transferida de forma emergencial para o Hospital Regional Inácio de Sá, em Salgueiro, a 90 km de Belém do São Francisco, onde médicos identificaram a necessidade de avaliação neurológica. Em seguida, foi encaminhada em suporte respiratório ao Hospital da Restauração, no Recife, referência em casos neurológicos, distante 440 km.
QUANDO A MORTE FOI CONFIRMADA?
O Hospital da Restauração confirmou a morte encefálica de Alícia Valentina na noite de domingo (7). O corpo chegou à cidade natal da menina na madrugada de terça-feira (9). O velório ocorreu em uma casa funerária no centro do município e o corpo foi enterrado no mesmo dia, em clima de grande comoção.
O QUE DIZEM A ESCOLA E A PREFEITURA?
A direção da Escola Municipal Tia Zita afirmou que prestou “todo o socorro necessário” e que acompanha a família em parceria com as secretarias municipais de Educação, Saúde e Assistência Social. A escola classificou a morte como “um momento de grande tristeza para toda a comunidade escolar”.
Em nota, a Prefeitura de Belém do São Francisco disse que não houve omissão do poder público nem negligência médica durante os atendimentos. Segundo a administração, em um dos episódios a mãe da criança teria levado a filha para casa sem autorização da médica plantonista.
A prefeitura reforçou que o caso foi encaminhado às autoridades competentes e que a gestão tem prestado apoio emocional e institucional à família.
O QUE DIZEM O GOVERNO ESTADUAL E A POLÍCIA CIVIL?
A Secretaria de Saúde de Pernambuco afirmou que Alícia foi admitida no Hospital Regional Inácio de Sá, em Salgueiro, em 3 de setembro, onde passou por avaliação de uma equipe multidisciplinar. Na unidade, foi identificada a necessidade de acompanhamento neurológico, o que levou à transferência para o Hospital da Restauração, no Recife, onde morreu.
Já a Polícia Civil confirmou que a menina foi agredida dentro de um estabelecimento de ensino municipal em Belém do São Francisco e que as investigações estão sob responsabilidade da Delegacia da 188ª Circunscrição. O inquérito busca esclarecer a dinâmica da agressão e ouvir testemunhas.
QUAL A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO?
O MP-PE (Ministério Público de Pernambuco) informou que tomou conhecimento do caso na sexta-feira (5), por meio de suas atividades de rotina e comunicação voluntária da Secretaria Municipal de Educação e da Procuradoria do Município. A Promotoria de Justiça de Belém do São Francisco instaurou um procedimento administrativo para acompanhar o caso e expediu ofícios à Polícia Civil, determinando a instauração de inquérito policial.
Também foram enviados ofícios ao Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e à Prefeitura, solicitando informações sobre o ocorrido. O MP-PE afirmou que o caso está em fase preliminar de apuração e segue sob sigilo por envolver criança, mas reforçou que continuará acompanhando até a conclusão das investigações.
O QUE DIZ A FAMÍLIA?
Durante o velório, a mãe da estudante, a agricultora Ana Vilka Lima, cobrou justiça. “Eu perdi minha filhinha, ela não vai mais voltar. Eu só quero justiça. A morte dela não pode ficar assim. Ela era uma menina maravilhosa, todo mundo gostava dela. Eu não posso deixar ficar por isso mesmo”, afirmou, em meio à comoção.
O Tempo
Sou Silas Rodrigues, o Silas do Blog, fundador deste site, com quase 15 anos de existência. Gleiziane é minha esposa e repórter fotográfica.