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Jésus Moreira: o compromisso e a coragem de um evangelista vencendo o preconceito.

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Jésus (tocando o pandeiro) e Dc. Durval numa parceria para pregar o evangelho, vencendo preconceitos.

O livramento que recebeu de Deus em um acidente, ocorrido em março de 1996, onde teve uma das pernas esmagada por um caminhão, deixando-o com locomoção condicionada à ajuda de um par de muletas, transformou  Jésus Moreira da Silva em um evangelista de fato e destemido. Ele, em decorrência do acidente, ficou internado durante seis meses, alguns deles na UTI. Os médicos, segundo disse, definiram sua situação como impossível de uma solução, “mas foi curado por Jesus”, como fez questão de ressaltar.

Em um daqueles dias de agonia no hospital, o paciente fez um voto a Deus e sua presença em praça pública, dirigindo culto, pregando e cantando, é o cumprimento da promessa feita a Deus.

A atividade teve início no distrito onde Jésus reside e, posteriormente, foi transferida para o Centro-Norte, antes chamado de Centro de Acesita. Toda sexta-feira, às 15h, em uma esquina da rua Doze de Outubro com Trinta e Um de Março Jèsus,  há 17 anos, segundo o que revelou, vem promovendo um culto religioso, com a utilização de uma caixa de som, um microfone e um pandeiro, executado por ele mesmo. Na última sexta-feira nossa reportagem foi conferir o trabalho do servo de Deus. Chegamos ao local por volta das 14h50 e, para surpresa nossa, Jésus já estava sentado, próximo a uma mesa, cuidadosamente forrada, conduzindo “seu” culto, que vem adquirindo característica de uma reunião, onde se encontram aqueles fiéis de poucas ou quase nenhuma chance de pregarem em suas igrejas. Alguns deles, pela simplicidade, talvez, são vítimas de descaso em suas congregações e, em locais, como em uma praça – que não tem dono – podem cantar, pregar e orar pelo povo, sem diretrizes preconceituosas que , via de regra, são originadas de critérios escusos e acepções. Com pureza, sem pragmatismos, bajulações e rasgação de seda, os “Sem Púlpito” têm no Jésus um legítimo representante.

Ev. José Levi, à esquerda, lembrando do tempo em que pregava com a frequência do amigo.

 Ao longo dos anos em que o evangelista de fato tem ocupado aquela esquina no Centro-Norte, ele tem contabilizado resultados práticos da sua iniciativa. “O Senhor tem curado e libertado aqui através deste culto”, disse o mensageiro. Sua saga em prosseguir no cumprimento do “ide” tem lhe rendido a companhia de outros corajosos, que não se importam com avaliações sobre suas performances. Um deles é o diácono Durval, da Assembleia de Deus do bairro João XIII que, há quatro anos, tem ladeado o amigo. O diácono faz uma espécie de abertura do culto, cantando – invariavelmente hinos da Harpa – e convidando para o evento. Além deste levita, a irmã Ana, também da Assembleia de Deus do ministério Adão Araújo, do bairro Bandeirantes, aderiu à “igreja ao ar livre”. Ana, a exemplo de Durval, canta e prega.

Na sexta-feira passada, enquanto nossa reportagem assistia ao culto, apareceu no local outro homem, bem identificado com a causa do irmão Jésus, a quem, diga-se de passagem, ao lado do Pr. Narciso, se atribui o pioneirismo neste tipo de atuação. Era o Ev. José Levi que, durante muitos anos, pregou em um dos pontos estratégicos da Alameda Trinta e Um de Outubro, a poucos metros dali. Recebido com o carinho de um mestre na arte, o evangelista assumiu os microfones, cantou hinos – da Harpa Cristã – e pregou. Perguntamos ao Levi por que parou de pregar no Centro-Norte e a resposta soou como uma antítese da realidade. Ele disse que foi acusado de pregar muito duramente contra o pecado.

Irmã Ana é outro reforço para os destemidos evangelistas.

Voltamos para o irmão Jésus. Sua permanência em pregar o evangelho no local onde está há mais de uma década é fruto, de fato, de uma persistência. Ele contou que quando iniciou, um familiar seu procurou o pastor Aníbal, à época em Cachoeira do Vale, e pediu que ele aconselhasse Jésus a parar de pregar. Este familiar, conforme o pregador, ouviu do pastor um sonoro não e a revelação de um desejo: “quem me dera se eu tivesse o talento que ele tem”, teria dito Pr. Aníbal Martins. De lá para cá, o membro da Assembleia de Deus de Cachoeira do Vale, que nos disse poder chama-lo de “Jésus Muleta”, faz da pregação do evangelho uma atividade que representa um pedaço de si e já é história no conjunto de imagens do Centro-norte de Timóteo.

Ouvi-lo pregar e ver sua ousadia, faz-nos lembrar de outro nome, o do Pr. Narciso. Com semelhante destemor, de posse de um megafone, o pastor, que hoje está acamado e sendo assistido pela família, anunciava o evangelho no Centro-Norte. Ele está impossibilitado de prosseguir, mas seu amigo de ação está naquela esquina reverberando muitas de suas advertências contra o pecado.

 Jésus Moreira tem procurado ter semelhança com Jesus não apenas na grafia do nome, mas no amor às almas perdidas. O desprezo e a ignorância eventuais ao seu trabalho não o diminui e nem tem reduzido seu ardor em fazer discípulo. Que Jesus continue a abençoar o Jésus.

Assista a parte do culto da última sexta-feira:

 

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