Ligue-se a nós

Gospel

Assembleia de Deus comemora 113 anos de fundação no Brasil

Publicado

no

Reconstituição da chegada de Gunnar Vingren e Daniel Berg a Belém é tradição entre seguidores da Assembleia de Deus | Irene Almeida/Diário do Pará
Compartilhe esta publicação

Em 18 de junho de 1911, em Belém, os missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg fundaram a Assembleia de Deus. Para relembrar a data histórica de 113 anos de fundação, a Igreja realizou, no sábado (15), a tradicional reconstituição da chegada dos evangelistas, que fundaram a Assembleia de Deus na capital paraense. O tema do aniversário desse ano é: “Sal da terra e luz do mundo”.

O evento atrai, anualmente, milhares de pessoas, vindas de navios e vestidas em trajes de época do século XX. A programação iniciou  às 9h, na Escadinha do Porto de Belém, na Estação das Docas.

Em 2011, os assembleianos de Timóteo celebraram os 100 anos da denominação no Brasil, com uma extensa programação. Arquivo/Portal do Silas.

Coreagrafia apresentada na Praça 1º de maio (coreto), em 2011, na programação da Assembleia de Deus de Timóteo, que celebrou os 100 anos da denominação no Brasil. Arquivo/Portal do Silas.

Segundo a história, no início do século XX, os missionários suecos receberam em profecia a ordem de que tinham que pregar o evangelho no Pará. Ao pesquisarem num mapa, descobriram que era um local localizado na Amazônia. Sem verba e sem entenderem o idioma português, partiram de Nova York rumo à capital paraense. Os missionários desembarcaram em Belém dia 19 de novembro de 1910. Conheceram o casal Henrique e Celina Albuquerque, que cederam sua casa para realizar as primeiras reuniões pentecostais.

Depois de muitos encontros, finalmente, no dia 18 de junho de 1911, os missionários fundaram em Belém a Missão da Fé Apostólica, que sete anos depois foi registrada como Assembleia de Deus. “O maior legado disso no que diz respeito a nossa cidade é que nasceu aqui em Belém do Pará. Essa igreja que está no Brasil todo, teve seu início em 1911, aqui em Belém, fruto do chamado de dois missionários suecos, que vieram dos Estados Unidos para cá”, disse o pastor Philipe Câmara, pastor e vice-presidente das Igrejas Assembleias de Deus do Pará.

A Igreja fundada em Belém se expandiu pelos estados brasileiros e no exterior, sendo a maior Igreja Pentecostal no mundo. Em 113 anos de história, a Assembleia de Deus já alcançou mais de sete milhões de membros em 180 países e territórios. Apenas em Belém a AD possui 552 templos que congregam cerca de 155 mil fiéis.

Assembleianos da AD Limoeiro, em 2011, desfilaram pelas ruas do bairro e do Recanto Verde, em comemoração aos 100 anos da denominação no Brasil. Com a esposa, o pastor José Ciríaco. Arquivo Portal do Silas.

A Assembleia de Deus é uma igreja missionária, descentralizada e com forte atuação na América do Sul, África e Ásia e outros países. Além de missões internacionais, a Igreja presta relevantes serviços às comunidades carentes da Região Metropolitana e ribeirinhas. Com o projeto “Missão de Construção e Reformas de Casas”, ampara pessoas que vivem em vulnerabilidade social, em condições de moradias precárias, seja construindo ou reformando casas, benefícios que trouxeram dignidade para mais de 200 famílias.

Seguindo o exemplo de Jesus na ajuda aos necessitados, há ainda o projeto “Missão Contra a Fome”, com distribuição e alimentos para várias comunidades, saciando a fome de famílias que se encontram em extrema pobreza, com doação diária de cestas de alimentos.

Já a “Missão Mais Puro Leite, colabora para salvar a vida de bebês prematuros e em situação vulnerável, a partir de 70 postos de coleta de leite materno, instalados nos templos da igreja por toda Belém, em parceria com o Corpo de Bombeiros e Santa Casa de Misericórdia do Pará. Outra frente de trabalho social é a assistência aos imigrantes venezuelanos com atendimento em uma casa de passagem.

Assembleianos da AD Limoeiro, em 2011, desfilaram pelas ruas do bairro e do Recanto Verde, em comemoração aos 100 anos da denominação no Brasil. Arquivo Portal do Silas

Já marcando os 113 anos de fundação da igreja, foi realizada uma ação no arquipélago Marajó, no período de 30 de maio a 01 de junho chamado “Impacto humanitário em Melgaço, Portel e Bagre”. A ação contou com a participação de médicos, dentistas, professores, assistentes sociais, e outros profissionais, todos voluntários, que estiveram nos municípios para auxiliar na diminuição da pobreza extrema do local, que registra o pior índice de desenvolvimento humano (IDH) do país.

Foram entregues 2,5 mil cestas básicas cestas de alimentos, brinquedos e casas, todas mobiliadas. Também foram ofertados atendimentos médicos, odontológicos e jurídicos e cursos profissionalizantes, medicamentos, roupas e itens de higiene, além da instalação de uma base humanitária permanente para prestar serviços de capacitação e atendimento médico e jurídico à população.

Para marcar os 113 anos da AD no Pará a Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) realizou sessão solene na última segunda-feira de autoria do deputado federal Raimundo Santos, que estabeleceu o ato com a outorga da Medalha do Mérito Evangélico “Daniel Berg e Gunnar Vingren” a sete pessoas. A concessão da comenda é um reconhecimento aos cidadãos e representantes de entidades ou agremiações que tenham contribuído com ações e serviços para a evangelização na sociedade em atuações expressivas.

Por Luiz Flávio/Diário do Pará

I. O CHAMADO MISSIONÁRIO DOS PIONEIROS

1. A experiência pentecostal de Daniel Berg. Em 25 de março de 1902, o jovem sueco Daniel Berg (1884-1963), com 18 anos e crente batista, desembarcou em Boston, nos Estados Unidos. Depois de sete anos, retornou a Suécia e conheceu a nova doutrina do batismo com o Espírito Santo por meio do pastor Lewi Pethrus (1884-1974), que fora seu amigo de infância.

Quando retornou aos Estados Unidos, em Chicago, ele recebeu a promessa pentecostal em 15 de setembro de 1909.

2. A experiência pentecostal de Gunnar Vingren. Em 19 de novembro de 1903, o jovem sueco Gunnar Vingren (1879-1933), chegou a Kansas City (EUA). Era crente batista e trabalhara como evangelista na Suécia. Recebeu o batismo com o Espírito Santo em novembro de 1909 numa conferência em Chicago.

3. O encontro em Chicago e a visão do Pará. Gunnar Vingren e Daniel Berg se conheceram em 1909, na cidade de Chicago. Os dois descobriram que tinham uma chamada missionária.

Adolf Uldin, membro da Igreja Batista sueca em South Bend, que Vingren pastoreava, profetizou que eles iriam para um lugar chamado “Pará”. Vingren descobriu num mapa na biblioteca de sua cidade que Pará era um Estado do Norte do Brasil.

II. A FUNDAÇÃO DA ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL

1. A viagem a bordo do navio Clement. Decididos a atender ao chamado divino para a obra missionária no Brasil, Vingren deixou em 12 de outubro de 1910, o pastorado da igreja em South Bend e Daniel Berg saiu do seu emprego numa quitanda em Chicago.

Após terem experiências marcantes em relação ao dinheiro de que precisariam para viajar, embarcaram em Nova Iorque na terceira classe do navio Clement rumo ao Brasil. Na viagem de quatorze dias, tiveram de experimentar uma comida nada agradável. Mas, eles ficaram ali, deitados na terceira classe, orando durante todo o tempo. Certo dia, Daniel profetizou que o Senhor estava com eles, e verdadeiramente sentiram isso em seus corações.

Durante o período em que estavam no navio, oraram por um companheiro de viagem e evangelizaram um outro que veio a aceitar a Cristo como Salvador.

2. A chegada ao Pará e a doutrina pentecostal. Chegaram a Belém do Pará em 19 de novembro de 1910. Em Belém, moraram no porão da Igreja Batista. Nos cultos e reuniões de oração da igreja, Vingren e Berg, quando começaram a falar o idioma português, pregavam a respeito do batismo com o Espírito Santo. O objetivo deles era pregar o evangelho de poder aos seus ouvintes.

Celina Martins Albuquerque, membro da Igreja Batista, creu na mensagem pentecostal pregada pelos jovens missionários e recebeu o batismo com o Espírito Santo quando orava de madrugada em sua casa, no dia 2 de junho de 1911, juntamente com outra irmã da sua igreja, Maria de Nazaré.

3. Nasce a Assembleia de Deus. O batismo com o Espírito Santo da irmã Celina Albuquerque, e também, da irmã Maria de Nazaré, que ocorreu na noite do dia 2 de junho, fez surgir uma discussão na Igreja Batista de Belém, que culminou na expulsão de 13 membros, no dia 13 de junho de 1911. No dia 18 do mesmo mês e ano, domingo, com 18 pessoas presentes mais Vingren e Berg, nasceu, na casa de Celina Albuquerque, a Missão de Fé Apostólica, que, em 11 de janeiro de 1918, foi registrada oficialmente como Sociedade Evangélica Assembleia de Deus.

A Assembleia de Deus no Brasil

(Crédito: Reprodução/ADEB)

A Assembleia de Deus no Brasil não nasceu por acaso. Foi o Senhor quem plantou a “semente” no coração de Daniel Berg e Gunnar Vingren e a fez germinar, crescer e dar muitos frutos. Homens e mulheres, cheios do Espírito Santo, ajudaram a construir a sua história.  É fundamental que a imensa multidão de seus membros e congregados conheça como Deus chamou os seus pioneiros, começou a derramar do seu Espírito Santo sobre todos os que creem e fez prosperar essa obra em todos os rincões de nossa querida pátria.

 O Diário do Pioneiro

III. DO NORTE PARA TODO O BRASIL

1. O trabalho evangelístico e a expansão nacional. Daniel Berg e Gunnar Vingren, juntamente com os primeiros membros da igreja, começaram a realizar cultos em outros locais em Belém e a evangelizar em lugares distantes dessa cidade, principalmente nas ilhas paraenses.

Logo, novos companheiros missionários foram chegando. Os primeiros foram Otto e Adina Nelson (1914), Samuel e Lina Nyström (1916), Frida Vingren (1917) e Joel e Signe Carlson (1918). Também, a igreja começou a ordenar seus primeiros pastores: Isidoro Filho (1912); Absalão Piano (1913); Crispiniano de Melo; Pedro Trajano; Adriano Nobre; Clímaco Bueno Aza (1918); José Paulino Estumano de Morais (1919); Bruno Skolimowski (1921).

Membros das igrejas, missionários estrangeiros e pregadores nacionais, impelidos pelo ardor evangelístico pentecostal, começaram a visitar outros Estados, principalmente onde tinham parentes. Dessa maneira, apesar das muitas lutas e perseguições, aconteceram os primeiros passos para a fundação de igrejas em todas as regiões do país: Ceará (1914); Alagoas (1914); Paraíba (1914); Roraima (1915); Pernambuco (1916); Rio Grande do Norte (1911, 1918); Maranhão (1921); Espírito Santo (1922); Rondônia (1922); São Paulo (1923); Rio de Janeiro (1924); Rio Grande do Sul (1924); Bahia (1926); Piauí (1927); Minas Gerais (1927); Sergipe (1927); Paraná (1928); Santa Catarina (1920, 1931); Acre (1932); Goiás (1936); Mato Grosso (1936); Mato Grosso do Sul (1944) e Distrito Federal (1956).

2. Os missionários e o desenvolvimento doutrinário nas ADs. Atuaram entre as Assembleias de Deus, missionários escandinavos (suecos, noruegueses e finlandeses) e norte-americanos. Nas primeiras cinco décadas das Assembleias de Deus, os missionários escandinavos tomaram iniciativas que contribuíram para o desenvolvimento doutrinário da igreja. Eles fundaram jornais (Boa SementeO Som AlegreMensageiro da Paz), criaram as Lições Bíblicas para a Escola Dominical, editaram os primeiros hinários (Cantor Pentecostal e Harpa Cristã), publicaram livros e folhetos evangelísticos, promoveram as primeiras Escolas Bíblicas que duravam um mês, e fundaram a Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) em 1940.

Em 1936, os primeiros missionários das Assembleias de Deus norte-americanas chegaram oficialmente ao Brasil. Eles passaram a atuar juntamente com a liderança sueca, principalmente no ensino bíblico e, investiram na publicação de livros teológicos, no ensino teológico formal e no estabelecimento gráfico da CPAD.

Dentre os missionários pioneiros nessas áreas do desenvolvimento bíblico-doutrinário, estão: Gunnar Vingren, Frida Vingren, Samuel Nyström, Nils Kastberg, Otto Nelson, Nels Nelson, Joel Carlson, Eurico Bergstén, Orlando Boyer, N. Lawrence Olson, John Peter Kolenda, João Kolenda e Ruth Dóris Lemos, Thomas Reginald Hoover e Bernhard Johnson Jr.

3. A Assembleia de Deus nos dias atuais. A igreja chegou ao seu primeiro centenário apresentando um crescimento vertiginoso e acelerado, consolidando-se como a maior expressão do pentecostalismo brasileiro

CONCLUSÃO
Somos a continuidade do trabalho iniciado pelos pioneiros Gunnar Vingren e Daniel Berg. O Centenário não deve ser apenas um fato para comemorarmos, mas para despertar-nos a continuar pregando a mensagem que deu início à nossa caminhada em território nacional: Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará!

BIBLIOGRAFIA

ARAUJO, I. Dicionário do Movimento Pentecostal. 1.ed., RJ: CPAD, 2007.

VINGREN, I. O Diário do Pioneiro. 1.ed., RJ: CPAD, 2010.

Por ADEB – Assembleia de Deus de Brasília