O dia a dia da família do Ronescley, de 21 anos, que reside no bairro Ana Rita, na rua Colômbia, é marcado pela preocupação e esforço em mantê-lo vivo. Os recursos são escassos e os conhecimentos para administrar e vencer as situações geradas pela complexidade do seu quadro – ele respira com ajuda de aparelhos – são adquiridos à medida que os fatos vão acontecendo. Na residência ninguém tem experiência com cuidados com pessoas enfermas mas todos dão a contribuição para que o paciente seja tratado com o máximo de carinho.
Ronescley, que nasceu com paralisia infantil, há cerca de dois meses sofreu uma parada cardíaca, o que agravou seu estado. Antes da parada ele lutava contra uma pneumonia. A mãe e uma irmã do rapaz contaram como tem sido a luta a favor da vida do filho e irmão. Para elas, o pouco caso da prefeitura e a forma como o jovem é tratado são fatores que preocupam. Elas deixaram implícito em seus relatos que todas as vezes que Ronescley é levado ao posto de saúde – geralmente na UPA do Olaria – ele recebe um tratamento indigno. A mãe revelou que o filho, após receber alta hospitalar recentemente, depois de quase quarenta e cinco dias internado, deveria, segundo o médico, receber a visita de uma enfermeira “pelo menos uma vez por dia” para acompanhar sua situação.
Isto não vem ocorrendo e ela, juntamente com a filha, têm que executar procedimentos que fogem aos seus conhecimentos. “No dia em que ele chegou em casa, após ter saído do hospital, ele voltou a passar mal. Ligamos para a UPA do Olaria e eles disseram que não tinha carro naquele momento para buscar ele. Ele continuava a sufocar e tivemos que ligar para os Bombeiros. Eles vieram mas não levaram ele por causa da quantidade de aparelhos que acompanha ele”. A mãe disse que, “com muito custo”, apareceu uma enfermeira e um técnico que arrumou uma peça de um dos aparelhos que estava com problema. “Ele chegou do hospital dia cinco de maio, e só quinta-feira (19/05) é que apareceu uma médica aqui para ver ele. Este tempo todo meu filho desassistido por alguém que entende do que ele pode estar apresentando. Nestes dias tudo nós é que nos viramos. Quando eu via que ele estava sentindo dor, chorando muito, eu mesmo passei a pegar dipirona e colocar na sonda dele para ele tomar. Na noite da sexta-feira ele passou a noite inteira sufocado. Está difícil ficar com ele dentro de casa sofrendo assim. No hospital o médico disse que era obrigado uma enfermeira medir a pressão dele três vezes ao dia. Ela podia vir pelo menos uma vez”, disse a irmã do rapaz que reclamou a presença, também, de um fisioterapeuta “para dar uma massagem nele para sair o catarro do seu peito”. “Eles (enfermeiras) marcaram de vir uma vez por semana mas já tem duas que não vem ninguém”, contou a mãe. “Eles (enfermeiras) não vêm por causa de carro”, relatou a irmã do Ronescley. A família do rapaz está sendo obrigada a comprar fralda porque no posto de saúde não tem, além de outros medicamentos. “Precisamos dar uma massagem nele mas a gente não sabe dar devidamente por causa da situação dele. Ninguém vem aqui sequer para nos orientar”, desabafou a irmã. “Se este menino sufocar e a gente precisar de dar uma massagem nele para ele voltar, a gente não sabe”, completou a mãe. A família de Ronescley está com este desafio: cuidar do rapaz que respira com ajuda de aparelhos, sem a assistência de um profissional da área de saúde que poderia orientá-la. A mãe e a irmã desejam que a prefeitura determine uma visita regular à residência para auxiliá-las com a precisão e cuidados que a enfermidade do paciente requer. Elas se consideram abandonadas pelo poder público e não se sentem confortáveis diante da possibilidade de surpresas no execício que poderia estar sendo desenvolvido por alguém que detém os conhecimentos necessários. Fica, aqui, o registro deste caso, no bairro Ana Rita, e que surpresas desagradáveis não venham incriminar e tornar evidente as consequências da omissão do poder público.
Gente sou enfermeira técnica e ja trabalhei no FSFX.Segunda eu e uma amiga tbem enfermeira tbem vamos la e ver o que podemos ajudar.
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