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Viúva ilustre e mulher honrada, irmã Lilia concluiu sua carreira e descança na eternidade

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O 11 de maio, data que em 2025 coincidiu com o Dia das Mães, para os filhos, familiares e amigos da irmã Maria Evangelista foi o indesejado e indesejável ponto final da história de uma convivência que durou 88 anos. Esse é o tipo do fim cuja chegada sempre será precoce!

Irmã Maria Evangelista, a irmã Lilia, fechou os olhos e avistou a eternidade, onde descansará para sempre com o Senhor.

Irmã Lilia, viúva do pastor João dos Santos, teve uma vida marcada por sua dedicação ao Reino de Deus.

Recolhida na serenidade de uma vida simples, sem opulência, com dedicação intensa aos filhos e netos, após a morte do marido, em fevereiro de 1999, Lilia não perseguiu holofotes nem reivindicou honrarias, mesmo tendo sido, ao lado do esposo, protagonista de uma trajetória histórica da Assembleia de Deus de Timóteo, como companheira de um pastor que deixou sua marca indelével na denominação. Sua atuação não ficou registrada em placas inox, mas, sim, no coração daqueles que a reconhecem como merecedora de destaque na galeria das esposas de ministros que atuaram, mesmo nos bastidores, de forma a darem sustento e substância ao ministério dos seus maridos.

Irmã Lilia, ao partir, deixa uma lacuna de profundidade incomensurável no convívio dos filhos, netos e familiares, constelação em torno da qual orbitava nestes anos de ostracismo a que, injustamente, sujeitam-se heroínas e heróis que não o são em troca de lugares em pódios. Lilia, mulher de fibra, esculpiu com humildade e decência sua vida e ausentar-se, exatamente no Dia das Mães, é deixar sangrando corações a ela gratos por tudo que representou e jamais deixará de representar como mãe, vó, amiga e outras tantas posições no universo das pessoas que tiveram o privilégio de com ela conviverem.

Um sonho realizado.

Casa da irmã Lilia, construída no bairro Santa Terezinha, com apoio da Assembleia de Deus do bairro Limoeiro, à época sob a direção do pastor Izaque dos Santos. Foto: Arquivo do Blog do Silas.

Irmã Lilia abre a porta da sua residência, no dia de ação de graça pela construção do imóvel.  Foto: Arquivo do Blog do Silas.

A emoção. Foto: Arquivo do Blog do Silas.

Talvez nem todos os sonhos desta mulher nobre foram realizados. Alguns, quem sabe, pela densidade das nuvens ou negritude das noites, não puderam se estabelecer no campo da realidade. Um deles, porém, foi concretizado: ter sua casa para abrigar a família, necessidade que faz parte da vida de muitas viúvas, mesmo que seus maridos tenham contribuído para o crescimento ou nobreza dos que deveriam ampará-las.

Irmã Lilia adquiriu um lote no bairro Santa Terezinha. Erguer a casa no local era um ingente desafio. Deus providencia pessoas e recursos e, mediante essa medida divina, mesmo diante de dificuldades, muitos sonhos se tornam reais. Uma dessas pessoas, na vida da irmã Lilia, foi o pastor Izaque dos Santos, à época dirigente da congregação da Assembleia de Deus do bairro Limoeiro.

Irmã Lilia e seu sorriso, enquanto conversava com pastor Izaque.

Certo dia, quando foi fazer uma visita pastoral à irmã Lilia, por volta de 2011, 2012 – ele não soube precisar a data – pastor Izaque ouviu da viúva do pastor João dos Santos seu desejo de construir uma casa no lote que tinha adquirido. Disse das suas limitações para fazê-lo. Sensibilizado, pastor Izaque reuniu-se com os obreiros da congregação e houve a decisão de ajudar irmã Lilia na construção da sua morada.

Pastor Izaque providenciou um croqui do futuro imóvel, mais arrojado em relação ao que irmã Lilia possuía. As obras foram iniciadas. Pastor Izaque contou que a congregação do Limoeiro assumiu o projeto da casa da irmã, devido à dificuldade de apoios na dimensão que precisava. Diversos irmãos apoiaram com mão de obra e a casa da irmã Lilia, passou a ser realidade, fato que mereceu um culto em ação de graças, no dia da entrega das chaves do imóvel.

Pastor Izaque em um dos dias que, com vários irmãos, doou, também, mão de obra para a construção da casa da irmã Lilia. Foto: Arquivo Blog do Silas.

Determinado dia, o Blog do Silas foi até o local onde estava sendo construída a morada da irmã Lilia. Lá fomos conferir sua alegria ao vislumbrar o descortinamento dos seus novos horizontes, em cuja linha tênue surgia seu aposento. Solícita, como sempre, a viúva do pastor João dos Santos nos recebeu sorrindo. Perguntamos para ela sobre suas expectativas com a sua moradia e ela, mais do que de repente, tratou de elogiar e agradecer a Deus pela vida do pastor Izaque, segundo ela, o único pastor que passou pela congregação do Limoeiro e “olhou pela sua situação”. Lilia, com um carinho, como de mãe para filho, revelou o tamanho do amor que recebia do então dirigente da AD Limoeiro. “Foi só eu falar com ele que ele tomou iniciativa”, exultou a irmã, se referindo à construção da sua casa.

Em agosto de 2014 foi realizado o culto em ação de graça pela construção da casa da irmã Lilia. O evento foi coordenado pela AD Limoeiro, à época sob a direção do pastor Izaque dos Santos. Foto: Arquivo do Blog do Silas.

Enquanto falava sobre a bondade do pastor, irmã Lilia emitia um brilho intenso nos olhos que dividiam a cena da nossa presença com o momento em que o suco que preparava chegasse ao ponto de poder ser servido aos trabalhadores no lote a poucos metros dali, onde seria erguida sua morada.

Imagem do culto em ação de graça pela construção da casa da irmã Lilia, realizado em agosto de 2014 Foto: Arquivo do Blog do Silas.

Irmã Lilia, durante o culto, não conteve sua emoção. Foto: Arquivo do Blog do Silas.

Em agosto de 2014, um culto ação de graça pela construção da casa da irmã Lilia era realizado, quando lhe foi entregue as chaves do imóvel. O evento contou com a participação de diversos pastores, dentre os quais o então dirigente da AD Limoeiro, pastor Izaque, o então presidente do Ministério, pastor Adão Araújo, sua esposa, irmã Maria Araújo, e fiéis de diversas congregações. O Blog do Silas ouviu irmã Lilia, no dia do culto, quando agradeceu pelo apoio que lhe permitiu a conquista. Veja, no vídeo abaixo.

A morte da irmã Lilia empobrece a estante dos pioneiros vivos da AD Timóteo e enriquece as lembranças do marido, pastor João dos Santos. Ele foi recolhido às mansões celestiais e, agora, sua esposa. Não se fala, mais, na sua partida e, sim, na viagem do casal para a cidade que almejava e em cujo seio desejava habitar. Agora, a saudade é dupla: do pastor João dos Santos e da mulher que auxiliou seu ministério e contribuiu para que ele pudesse deixar o legado que deixou, realidade possível devido à contribuição deste marido para que essa esposa pudesse deixar o legado que deixou.

Todas essas palavras, aqui descritas, têm o pleno reconhecimento meu de que são poucas para expressarem a importância dessa guerreira e descrever, com plenitude, o que significou e continuará significando para a comunidade assembleiana de Timóteo. Irmã Lilia se eternizará na índole da família, afirmação claramente possível ao recordamos que entre os frutos produzidos, sua semente foi capaz de gerar um pregador, seu neto, presbítero Jhonata Evangelista, cuja voz reverbera o exemplo deixado pelo avô, pastor João dos Santos e, agora, da avó, irmã Maria Evangelista da Silva.