Os assembleianos de Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, ligados ao Ministério Antônio Rosa da Silva, têm, na página da trajetória da denominação, um nome que resume muito desta caminhada. Geraldo Silvério de Neiva, que é presbítero e que congrega na sede, bairro Giovaninni, aos 87 anos, é um arquivo vivo em cujas prateleiras existe muito para contar sobre os primórdios da Assembleia de Deus naquela cidade, a cujo campo eclesiástico Timóteo já esteve ligado, antes da emancipação que culminou na assunção do Pr. Adão Araújo a presidente.
Há apenas três meses, o Pb. Geraldo Neiva “parou” de trabalhar, embora tenha aposentado em 1986. Sua carreira profissional começou como barbeiro, profissão hoje conhecida como cabeleireiro. Durante 27 anos Geraldo fez a cabeça de muita gente. Sem entrar em detalhes sobre os motivos da desistência, em 1955 ele decide que seria vidraceiro. Começou na nova profissão sem nenhum professor. “Eu comecei por mim mesmo. Ninguém me ensinou”, revelou.
Como vidraceiro, Neiva se tornaria um dos nomes mais respeitados no seguimento e sua empresa, no mesmo endereço até hoje, se tornou em uma referência na cidade. Muitos dos que pleiteavam o ramo não tinham onde comprar seu produto para revenda, senão na Vidraçaria Mundial, de Geraldo Neiva.
Prédio dos “Neivas”, construído em 1967 em local estratégico de Coronel Fabriciano.
A profissão do pai está sendo seguida por quatro dos seus 13 filhos. Certamente são tão bons quanto o mestre e se pautam pela honestidade do professor, homem de luta que, mesmo perdendo a esposa, não arrefeceu seus ânimos e continuou a batalha de um guerreiro que, apesar de ter uma vida digna, não se ensoberbece pelo que ergueu com seu suor digno, aguçado por noites indormidas.
Perguntado sobre as construções ou empresas do Vale do Aço que foram seus clientes, quando ainda a concorrência no ramo era quase que inexistente, o Pb. Geraldo Neiva revelou que sua empresa já forneceu muito vidro para a USIMINAS e muitos templos da Assembleia de Deus instaladas na cidade.
Geraldo, que tem 45 anos de Assembleia de Deus, contou que sua rotina, mesmo agora que está fora da profissão por motivos de um problema na coluna, é de 8h às 18h, só folgando aos domingos. O prestígio do maior vidraceiro do Vale do Aço lhe valeu um convite para a carreira política, sendo candidato a vice-prefeito na chapa de Juarez Bhering há algumas décadas. Não se elegeram.
Mesmo prometendo que não volta mais a trabalhar, o empresário é sempre visto em seu antigo local de atividade profissional.
Embora tenha construído um prédio na esquina das Ruas Duque de Caxias e Joaquin de Ávila Neto, no centro de Coronel Fabriciano, o maior patrimônio de Geraldo Neiva é sua vida espiritual. “Eu não perco uma reunião”, disse o patriarca dos “Neivas”, quando perguntado sobre sua frequência aos trabalhos da igreja. Prudente, o empresário pensava em cada resposta que ia nos dar. Seu olhar, profundo, nos exigia a ousadia nas interrogações. O presbítero, que já foi cotado para evangelista, deu aos filhos o exemplo de assiduidade e compromisso com a casa e coisas de Deus.
Quem olha para a empresa, instalada no prédio onde mora quatro dos seus filhos, vê o cumprimento da promessa de Deus na vida de um homem justo e temente a Ele. Totalmente organizada e abastecida, dali extraiu o sustento para sua prole, sem perder a ética, esculpida pela ganância de lucros exorbitantes que a muitos empresários tem levado, quando não para a sepultura, de uns tempos para cá, para trás das grades.
A educação com que o Pb. Geraldo Neiva nos atendeu é a mesma que usufruímos quando estamos em contato com aqueles que vieram ao mundo, fruto do amor deste homem e Rita, falecida há 12 anos.