Cerimônia foi realizada na Santa Casa de Misericórdia, em
Goiânia.
Funcionários e voluntários fizeram campanha parar realizar a
festa.
Juntos há 17 anos, Valmina e Wesley oficializaram a união (Foto: Gabriela Lima/G1)
Uma celebração mudou a rotina da Santa Casa de Misericórdia
de Goiânia neste domingo (9). O hospital realizou o casamento da paciente
Valmina Nascimento, de 43 anos, com o mecânico Wesley José Pereira, 40 anos.
Funcionários e voluntários fizeram uma campanha para conseguir realizar a
festa, que emocionou os demais internos.
“É a realização de um sonho”, disse Valmina ao G1, após
oficializar a união de 17 anos com o companheiro, com quem tem três filhos.
Valmina está internada no hospital desde o dia 19 de março, quando recebeu o
diagnóstico de leucemia. Ela ficou durante um mês na UTI, mas reagiu bem ao
tratamento e agora está em um quarto do 2º andar da unidade, onde foi celebrado
o casamento.
Valmina falou pouco e ficou a maior parte do tempo sentada.
Por causa do tratamento, a cerimônia precisou ser rápida para os padrões de um
casamento, cerca de meia hora. Mas teve tudo que um casamento tem direito:
padrinhos, florista, porta-aliança e um casal de noivos emocionados.
Paciente passou maior parte da cerimônia sentada (Foto: Gabriela Lima/G1)
Filho mais novo do casal, Douglas Pereira, de 7 anos,
participou da cerimônia e levou uma Bíblia ao altar. Os dois filhos mais velhos
não estiveram presentes. A celebração contou com parentes e amigos.
Funcionários e pacientes do hospital se agrupavam nas laterais e nos corredores
para presenciar o momento.
Mesmo cansada, a noiva fez questão de jogar o buquê, que
acabou caindo nas mãos da enfermeira Lílian Jerônimo, de 25 anos. “Todo
casamento que eu vou eu pego o buquê. Mas esse é diferente”, comemorou Lílian.
A ideia de organizar a cerimônia surgiu do serviço de
psicologia da Santa Casa. “O psicólogo perguntou o que a gente mais tinha
vontade de fazer e a gente falou que era casar”, relata Wesley. Muito
emocionado, o noivo disse ter se surpreendido com a mobilização do hospital: “É
um carinho muito grande que eles estão demonstrando por ela”.
“A realização de um sonho traz emoções positivas e pode ser
terapêutica, contribuir para o tratamento”, explica Cristiane Dias, uma das
psicólogas da equipe.
Solteiras disputaram o buquê, que caiu nas mãos de um enfermeira (Foto: Gabriela Lima/G1)
Voluntários
Há uma semana, os preparativos da festa ganhou um reforço de
peso: o Grupo Alegria, composto de jovens que fazem trabalhos voluntários em
hospitais.
“Todo domingo a gente vem para a Santa Casa. Na semana
passada, ficamos sabendo do casamento e decidimos participar”, disse ao G1 a
consultora de vendas Ramila Guedes, 21 anos. A voluntária fez a maquiagem da
noiva.
Outra integrante do grupo, Alana Soares Sousa, 22 anos, foi
a porta-alianças. Ela contou que o grupo fez uma campanha no Facebook e
conseguiu, em menos de uma semana, arreacadar presentes como roupas de cama e
peças para a cozinha do casal. As voluntários entregaram os presentes aos
noivos no fim do casamento.
O Grupo Alegria também providenciou peruca, luvas e buquê.
Valmina ganhou duas tiaras, uma de flores e outra de strass. Na hora de escolher
uma delas, não teve dúvidas. “Quero ir de princesa”, disse a noiva, decidida. O
vestido ficou por conta da equipe médica.
Todos os preparativos foram acompanhados de perto pela sogra
de Valmina, a costureira Glória José Pereira, 57 anos. Ela conta que o filho e
a nora se prepararam para casar várias vezes durante os 17 anos de união, mas
nunca havia dado certo. Na hora do “sim”, ela não conteve as lágrimas: “Estou
sentindo uma emoção que nunca senti na minha vida”.
Como Wesley é evangélico, um pastor fez a celebração. “Para
mim foi algo surpreendente. Considero providência de Deus proporcionar um
momento tão especial. É motivo de muita alegria fazer parte dessa festa. É algo
que ficará marcado na minha vida e mostra que, de tudo, o que fica é o amor”, disse
ao G1 o pastor Braz Modesto de Araújo Jr.
Valmina continuará na Santa Casa de Misericórdia. Segundo o
coordenador do serviço de psicologia do hospital, Roberto Ribeiro de Moura,
apesar de estar respondendo bem à quimioterapia, a paciente apresentou uma
infecção pulmonar e ficará internada até a melhora do quadro.
Voluntários do Grupo Alegria ajudaram a realizar o sonho de Valmina (Foto: Gabriela Lima/G1)