O confronto entre policiais civis de Juiz de Fora e São Paulo ganha ainda maior estranhamento com a divulgação de que R$ 14 milhões, a maioria em notas falsas de R$ 100, foram encontrados com os agentes paulistas. O dinheiro, guardado em malas, foi encontrado durante as buscas pelos suspeitos da morte do policial civil, Rodrigo Francisco, de 39 anos, conhecido com Chicão. O policial foi assassinado em troca de tiros, na tarde desta sexta-feira (19), dentro do estacionamento do Centro Médico Hospital Monte Sinai, na Avenida Itamar Franco, na altura do Bairro Cascatinha. O confronto também deixou um homem, 42, natural de São Paulo, ferido gravemente ao ser atingido na região abdominal. Ele passou por cirurgia após sofrer múltiplas perfurações no intestino, sendo encaminhado, posteriormente, para o CTI do hospital, onde permanece sob escolta. Na manhã deste sábado (20), a assessoria de comunicação do hospital informou que o paciente encontra-se em estado grave, sedado, mas estável.
Um segundo homem também ferido no tiroteio permanece internado na unidade sob escolta policial e sem previsão de alta. Ele está sendo assistido na rotina normal de internação pós-Cirúrgica em enfermaria. Pelo direito de sigilo do paciente, a identificação dele não foi repassada pela unidade. A Polícia Civil, que investiga o caso, ainda não esclareceu qual o envolvimento no caso. Informações extraoficiais dão conta de que o dinheiro encontrado nas malas teria sido trocado por dólares e que haveria um empresário envolvido nesta negociação, mas esta versão não está esclarecida no Registro de Eventos de Defesa Social (Reds)
De acordo com o Registro de Eventos de Defesa Social (Reds), o dinheiro foi localizado em um veículo Etios, que era ocupado por quatro policiais civis de São Paulo. Ainda conforme o documento, foram apreendidos 16 pistolas, distintivo de delegado de polícia, aparelhos celulares, coletes contra armas de fogo de uso restritos, apetrechos, equipamentos, acessórios, peças, cartuchos vazios, semi-carregados ou carregados e chumbo granulado, destinados à fabricação de munição, algemas, papéis com anotações diversas, carregadores de munição de armas, cartuchos intactos de uso restrito, comprovantes de pedágios e cinco veículos.
Sobre os fatos que levaram à morte do policial, o documento relata que informações sobre um tiroteio no estacionamento do centro médico do hospital chegaram para as polícias Civil e Militar. Imediatamente, diversas equipes se deslocaram até o local. Quando a primeira equipe da Polícia Civil chegou ao estacionamento, encontrou Chicão já desfalecido, sendo providenciado o isolamento da área.
Quatro policiais civis de São Paulo foram detidos logo após a morte de Chicão e foram encaminhados para a delegacia, em Santa Terezinha. Outros quatro agentes civis, considerados foragidos, foram encontrados no início da noite e também conduzidos para a delegacia, como propósito de ouvidos. Conforme o Reds, foram qualificados como autores do crime, cinco investigadores, dois delegados e um carcereiro, que seriam da Polícia Civil de São Paulo. O caso continua em investigação. A Tribuna entrou em contato com o chefe do 4º Departamento de Polícia Civil Carlos Roberto da Silveira e com a Delegada Regional de Juiz de Fora Patrícia Ribeiro, mas ambos não atenderam ao telefone ou responderam as mensagens deixadas pelo jornal.
Chicão atuava há cerca de 15 anos na corporação. Ele deixa esposa e uma filha de 5 anos. O seu sepultamento está marcado para a tarde, deste sábado, às 15h30, no Cemitério Municipal. Seu corpo está sendo velado na capela 6.
Tribuna de Minas