Uma sonora salva de palmas, momentos antes do caixão com seu corpo deixar o templo da Assembleia de Deus em Alvorada, por volta das 16h desta quarta-feira (5), certamente pode ser definida como uma espécie de coroamento de tudo que foi dito a respeito da vida do irmão João Batista Pinto, falecido na noite de ontem, (04/09).
Vídeo do Culto de Libertação, em 2014, na Assembleia de Deus em Alvorada, dirigido pelo pastor Idevaldo, de saudosa memória, que teve a participação do irmão João Batista.
As virtudes de um guerreiro que pautou sua vida na simplicidade e que fazia destilar pérolas de sabedoria, não obstante ter sido considerado analfabeto, foram a tônica das mensagens´proferidas durante o culto fúnebre que seguiu ao velório do querido João, que cantou, não poucas vezes, com o irmão Nilson, José das Neves e Fabiano. O primeiro já dorme com o Senhor.

A morte de João foi a dor que dilacerou familiares e amigos mas que uniu-os em torno da certeza de sua trajetória ilibada, repleta de atitudes exemplares que o definem como uma pessoa honrada, um cidadão decente e um cristão autêntico. As lágrimas copiosas e os soluços que as acompanhavam dimensionaram um pouco da dor que fica com o fechar dos olhos deste combatente. A unanimidade com relação à sua condição de homem digno foi redundante para quem trilhou os caminhos que irmão João trilhou.
Ele deixou uma família tradicional na cidade e, com ela, a marca da sua luta para criá-la sob a égide da honestidade e respeito. Não tergiversou em seguir os caminhos do Mestre que o fez sábio na comunidade que escolheu para viver.

Uma de suas netas, a Poliane, ao falar do avô, o considerou dono de uma sabedoria ímpar, que lhe valeu em muitas oportunidades na vida e continuará a valer, dada à solidez do que a ensinava.
A trajetória do irmão João incluiu ações de evangelismo, do tipo que não busca holofotes. Foi um dos companheiros do pastor Adão Araújo em viagens à “região de cima”, termo usado para se referir à várias cidades como, por exemplo, Alto do Rio Doce, Rio Espera, Lamim e muitas outras. Com seu violão, dedilhava sua alma em louvores genuínos, que encantavam pela simplicidade e talento com que os executava. Sempre de bom humor, fez da alegria uma amiga. Cooperava nos cultos, sempre que podia. Não importava a hora como, por exemplo o Culto de Libertação do qual ele participou na Assembleia de Deus em Alvorada,em uma tarde de 2014, quando cantou, com o irmão José das Neves um hino onde dizia “uma dos tais, um dos tais…” Ele foi um destes tais.
A preocupação em não perder a salvação em Cristo Jesus, de acordo com o pastor Juscelino, que presidiu o culto fúnebre, foi outro detalhe que ficará como lembrança das atitudes do irmão João, pai da professora Sandra, para citar um dos seus filhos. As idas ao campo com o presidente Adão Araújo não foram motivadas por bajulações ou busca de promoção ministerial. Irmão João o fez com o coração colado em amor às almas, e não como exercício hipócrita de desejos puramente teóricos. “O que a mão direita do meu avô fazia, a esquerda não sabia”, disse a neta como forma de exemplificar a pureza dos sentimentos que moviam as ações do avô. Seu engajamento na evangelização foi selado com o desejo de ver a expansão do Reino de Deus. Não mediu esforços para trabalhar para Deus.
Em uma destas viagens, a Presidente Bernardes, em 2015, quando acompanhava a equipe de evangelismo “Arautos de Cristo”, irmão João sofreu uma parada cardíaca. Deus poupou-lhe a vida, naquele dia e o permitiu fazer mais pela sua Seara. Agora, em 2018, mês de setembro, aprouve ao Criador chamar para si este servo, que combateu o bom combate, acabou a carreira e guardou a fé.
Os exemplos que o irmão João deixou, sem dúvida, são um desafio para ser abraçado por tantos que primam por uma vida que possa deixar saudades quando for findada. Os predicados utilizados por pastores, durante o culto, para descrever o tocador de violão, não são tão comuns a homens e mulheres da atualidade. A preocupação do guerreiro João foi de garantir sua morada no céu e não seu nome em placas ou perfis. João soube cultivar sua fé e sua dedicação à obra de Deus pode ser testemunhada pelo seu último pastor, o pastor Welerson Lagares, da congregação do bairro Garapa, onde João congregava.
A história dos baluartes do evangelho em Timóteo ganhou mais um protagonista. João foi um pioneiro e sua folha de serviços prestados à obra de Deus haverá de soar como lembrança nos tímpanos do tempo que a reverberará na saudade que vai eternizar entre todos que com ele conviveram e gostariam que sua partida não acontecesse .

Os valorosos homens e mulheres estão dando adeus e sendo retirados deste mundo, onde pessoas, como eles e elas, já não se sentem tão à vontade para viver, devido aos princípios com os quais nortearam suas existências.
Irmão João Batista já não está mais entre nós, mas sua mensagem, dita com seu testemunho de vida, fica. Que esta mensagem não venha soar como uma voz a clamar no deserto mas, sim, como uma voz a soar em terra fértil, que irá fazer frutificar todos seus exemplos que deixou como servo de Deus
