A escritora timotense Zaíra de Carvalho publicou em seu perfil em uma rede social, na tarde desta quarta-feira (27) um trecho do seu livro “História de Timóteo”, lançado em 2016. Leia o que ela escreveu:
“Foi no dia dois de outubro de 1990, com alegria e entusiasmo nos encontramos no auditório da PMT, para buscar um pouco do nosso passado e oferecê-lo a você.
Olha que riqueza de encontro. Estavam presentes os senhores José Duarte Araújo “Taco”, José Ferreira, José Antônio Araújo “Didico” ( nosso primeiro Prefeito), José de Pio, Nelito, D. Doca, Letícia Araújo, D. Núbia, D. Eli Moreira, José Araújo Sobrinho “Juju” . É a primeira vez que todos os convidados compareceram .
Foi muita emoção e alegria para saber conferir o gravador. Resultado: perdemos muitas falas. Sei que a conversa girou em torno da emancipação de Timóteo, assunto que resgatamos mais tarde.
Na segunda fita quem inicia é D. Núbia, uma líder comunitaria, professora muito querida e sempre disposta a cooperar:
Eu cheguei em Timóteo em 1952 e fui muito bem recebida. Em 1953, fui convidada pela D. Eli, para trabalhar na Escola Angelina Alves de Carvalho., onde introduzi as festas juninas, brincadeiras de rainha da primavera e concurso dos pais nos famosos anos dourados.
– D. Núbia, a senhora pode nos ajudar a resgatar um pouco de outro contexto histórico da comunidade. Eu gostaria de saber como se chamava este lugar, antes de passar a distrito de Antônio Dias. No tempo que vocês eram crianças, qual era o nome deste lugar? – perguntei.l
-. São Sebastião do Alegre. Na escola ou em qualquer documento a gente escrevia era São Sebastião do Alegre. – Respondeu a professora D. Eli Moreira, que trbalhava na escola como professora na época que São Sebastião do Alegre foi elevado a distrito, se desmembrando de São Domingos do Prata e passando a pertencer a Antônio Dias.
– Quem, naquele tempo, chamava este lugar de Timóteo? _ Perguntei.
-. Ninguém, responderam todos.
-. Alguem aqui conheceu Manoel Timóteo?
-. Eu não.
– Eu também não ,_ Responderam todos.
– Sebastião Cota, nasceu. aqui em 1898 e não conheceu Manoel Timóteo ; Manoel Bentinho, tinha comércio aqui em 1913, conhecia todo mundo, menos Manoel Timóteo.
Imaginem, o Benjamin Vieira tinha o seu botequinho desde o princípio da colonização., Com o tempo foram surgindo outras casas comerciais e locais de encontro do povo.
Então, reflitam comigo se tem sentido: com tantos nomes influentes, pessoas que deram a vida por esse lugar desde o início e em 1940, quando São Sebastião do Alegre passa a distrito, surge das cinzas o nome de um desconhecido mascate. – Eu disse.
– Foi quando passou a distrito que deixou de ser São Sebastião do Alegre e passou a chamar Timóteo. Essa origem do nome é folclórica. – Disse Letícia.
– Eu, como antigo do lugar, crítico a origem do nome de Timóteo. -. Juju confirma.
– Vocês sabem se alguém daqui, algum político, sugeriu esse nome em homenagem ao mascate? -. Perguntei.
– Não sabemos, Responderam todos.
Então eu falei:. -. Em Minas Gerais era costume nomear o lugar com o nome do rio ou do córrego que o banhava. Creio que olhando no mapa, a localização do novo distrito e o nome do ribeirão Timóteo que passa por ele, decidiram colocar o nome do ribeirão no distrito recém criado, como se fez em várias cidades, inclusive na cidade de Piracicaba, que recebeu o nome do rio Piracicaba.
– A origem do nome de Timóteo é um folclore. Concluiu D. Núbia.
Assim encerramos nosso encontro.
Ao organizar este trabalho, estou com meu coração apertado, por não poder registrar a fala dos homens que são o orgulho de nossa cidade. A fita ficou inaudível. É um prejuízo inestimável. Sei que falaram da importância da Acesita no progresso de
Timóteo e da situação política na época da emancipação. Eu estava lá e ouvi, mas não tenho como escrever com fidelidade o que disseram.
Nem tudo acontece conforme planejamos. Problemas e obstáculos existem para serem superados.
Quero registrar minha gratidão aos pioneiros que, no desejo de servir, doaram seu tempo para este resgate. Peço àqueles cuja entrevista se perdeu, às famílias e a cidade que possam me perdoar. Muito se perdeu com o tempo por falta de condições de concluir o trabalho no tempo certo.
Mas a história não acabou. Ainda tem muita coisa para apresentar.
27/06/2018″
