A morte de Arleti Beníchio de Brito, aos 76 anos,  às 00h40 do último dia 14 de janeiro, após cerca de quarenta dias internada, mais do que a ruptura de um pedaço considerável do tecido que forma sua família, tradicional no bairro Olaria, em Timóteo, leste de Minas Gerais, representou um desfalque gigantesco no exército das mulheres guerreiras que batalham pela Causa do Mestre no Ministério Adão Araújo.

O silêncio eterno de sua voz inconfundível, emitida que era sempre acompanhada de um cuidado com relação à forma e o conteúdo do que dizia, passa, a partir desta data, a ser uma daquelas melodias que arrancam lágrimas todas as vezes em que é executada. A saudade que deixou para a Assembleia de Deus em Olaria, onde congregava há cerca de 34 anos após converter-se em uma campanha evangelística no Campo do Olaria, eternizará seus predicados como serva de Deus e sublinhará os adjetivos que a descrevem como ser humano que tinha na meiguice um dos traços fortes e indeléveis da sua personalidade. À esta meiguice soma-se a ternura de um olhar que dizia sem falar e que falava sem pronunciar. Seu caminhar comedido

Com os quatro filhos

pelo corredor da igreja até o local onde ficava o conjunto coral, organização da qual fazia parte com esmero, dimensionava a prudência que tinha na conduta que serviu como uma das marcas da sua existência.

Arleti, mesmo no leito do hospital, embalada no desfecho incerto da agressividade de um tumor, não faltou com aquilo que ela tinha como compromissos seus com a obra de Deus. Fiel dizimista, mesmo ali no vale onde sua saúde esfalecia, pedia à filha para levar sua contribuição à igreja. Solidária que era, Arleti sempre foi uma mulher hospitaleira e fazia da sua casa o local de descanso e abrigo para inúmeros convencionais da COMADVARDO (Convenção dos Ministros das Assembleias de Deus do Valo do Rio Doce e Outros). Sempre colocou seu imóvel à disposição para servir, realçando os traços de sua abnegada decisão de colaborar com o que podia. Com à ação social da igreja, irmã Arleti não agiu de modo diferente: estendia sua mão até onde alcançava e seguia com a sensação do dever cumprido como alguém que parece ter vindo ao mundo para servir, sem murmurar e reclamar. Era gesto comum aos seus sentimentos distribuir amor e ternura.

Com as noras

Viúva há seis anos de Antônio Clotilde de Brito, irmã Arleti, aos quatro filhos, seis netos e uma bisneta, deu lições sobejas do que é portar-se com dignidade e responsabilidade em um mundo onde comportamentos assim já não são tão apreciados. Junto aos vizinhos e moradores do bairro, não falhou no seu testemunho como cristã autêntica, que assim tornou-se depois de convencer-se de que o apego a ídolos não era atitude que poderia continuar a abraçar. Irmã Arleti converteu-se e sua mudança de vida refletiu em sua postura como alguém que entendeu o que era, de fato, tornar-se uma serva do Deus altíssimo.
O que dizer de Arleti como membro da igreja, senão que era fiel e pontual em seus compromissos? Isto mesmo. Não faltava a um culto sequer e sua presença era certa, indiferente da condição do tempo. Ali não buscou holofotes mas intimidade com o Deus que servia.
Em conversa com o Blog do Silas, a única filha mulher da irmã Arleti, Rosana, esposa do pastor Sebastião Lopes, contou que ouviu de muitas pessoas sobre a meiguice da mãe. A avaliação, de acordo com a filha, foi unânime no sentido de que irmã Arleti deixa este traço como uma das marcas da sua convivência. Rosana relatou que a mãe era mulher que orava e que se sentia preparada para ir morar com Deus. Era, ainda conforme a filha, uma vó preocupada com os netos a quem devotava carinho.

Com o único genro, o pastor Sebastião Lopes

Os profissionais da saúde que cuidaram da irmã Arleti durante seus dias de internação testemunharam a candura da paciente e sua meiguice enquanto teve o fôlego de vida poupado. Foram momentos difíceis para a família que não a abandonou um dia ou hora sequer. A certeza de que a mãe, a sogra e a nora iria morar no céu certamente foi o antídoto que amenizou a angústia da possibilidade da partida de quem jamais eles desejavam um dia despedir-se.


Ao descrever como morreu a mãe, o filho que a acompanhava quando o fato ocorreu, disse que ela partiu “dormindo e serena”.
As dores que permeiam os viventes neste mundo de mortais não mais abalará o físico da irmã Arleti que sabia da existência de uma cidade que a aguardava. Arleti gostava do hino “Saudades de Sião” e um dos seus desejos, revelados em vida, era que esta canção fosse entoada em seu velório. O desejo, em um desfecho misterioso, foi cumprido. No culto memorial, momentos antes do caixão com seu corpo deixar o templo, a regente do coral que ali estava avaliou que este hino, “devido à sua complexidade”, talvez não pudesse ser cantado. Porém, ao abrir a pasta com hinos, na expectativa de cantar outro, deparou-se exatamente com a página onde estava a canção desejada pela irmã Arleti, “Saudades de Sião”. Qual não foi a surpresa quando a regente verificou que a pasta que pegou era exatamente da irmã Arleti. O desejo, envolto em mistério no seu cumprimento, foi honrado.


A saudade que tinha de Sião já não mais afaga seu coração que agora descansa. Guerreira, Arleti esculpiu um monumento à fidelidade como serva de Deus. Criou seus filhos no caminho que devem seguir e seus exemplos ecoarão nos ensinamentos que deixou como legado.


Ao falar sobre a mãe, a filha, mesmo sob o efeito de uma emoção contida, portou-se como descrevendo uma rainha. Uma rainha que sentia saudades de Sião e descansou dormindo.
A Assembleia de Deus em Olaria perdeu um dos seus baluartes e a ausência desta serva de Deus em seus cultos e reuniões entra para o rol de lembranças daquelas que deram parte de suas vidas para verem a obra de Deus crescer e seguir avante. Irmã Arleti, que sentia saudades de Sião, deixa saudades. Desta guerreira não se despede com um adeus, mas com um “até breve”. Jesus está voltando e Sião é “logo ali”.

Irmã Arleti na imagem que marcou a passagem dos 50 anos do coral “Vencedores com Cristo”.

Imagens: enviadas pelo WhatsApp do Blog do Silas (985349117)

Com a amiga, a irmã Jovelina, “irmã Jove”. Arquivo do Blog do Silas
Imagem do arquivo do Blog do Silas

 

2 COMENTÁRIOS

  1. Deixo,meus sinceros sentimentos,a família,a quem sou amigo,desde infância,td aqui,dito e escrito,é,de fato,o q representou,essa ilustre serva de Deus,aos amigos,Ademais,Geraldo magela, Adilson e Rosana,um abraço,com a certeza,que a irmã Arlete,n morreu,mas;descansa nos braços de Deus…

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