FOTO: MARIELA GUIMARAES / O TEMPO 23.10.2017

De calça social, paletó e camisa azul em um calor de 30 graus Lula subiu ao palco montado na praça dos Três Poderes, em Ipatinga, na região do Vale do Aço, para o lançamento de sua caravana por Minas. Com palanque, militantes e discurso de campanha o ex-presidente discursou por meia hora em uma versão um pouco menos leve do Lula paz e amor.

“O Lula paz e amor voltou, mas nem tanta paz, nem tanto amor”, se referindo a expressão que ficou conhecida para falar de sua postura durante as eleições de 2002, quando foi eleito pela primeira vez ao Planalto.

Ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff, do governador Fernando Pimentel e da presidente nacional do PT, a senadora Gleise Hoffman, Lula praticamente ignorou as questões locais em Minas e toda sua fala foi focada no cenário nacional e na defesa de sua candidatura em 2018.

“Estamos começando a fazer essa caravana para fazermos uma espécie de medição, do que era o Brasil há pouco tempo e o que está virando o Brasil. De quantos empregos essa Usiminas gerava e quantos empregos ela está gerando agora? Quanto de aumento de salário os trabalhadores recebiam e quanto estão recebendo? Qual era a expectativa da juventude brasileira há cinco anos e qual é o pesadelo vivido hoje com o governo golpista?”, disse Lula logo no início do seu discurso, eximindo o PT de  responsabilidade pela crise econômica e tentando criar uma polarização entre o governo de Michel Temer e seus apoiadores contra os anos do PT no governo.

Lula lembrou sua trajetória de evolução até chegar a presidência e as derrotas que teve que amargar. “Eu ia pedir voto e o o trabalhador falava ‘esse Lula é igual a mim. Esse Lula é um analfabeto igual a mim’. Nesse discurso eu perdi as eleições de 1989, 1994, e 1998. E a cada derrota eu ia para casa discutir com as pessoas e pensava onde eu tinha que evoluir e me preparar para chegar a presidência e só venci quando a população teve a consciência política de que pode votar em trabalhador”, afirmou.

O ex-presidente provocou mais uma vez quem defende que ele não poderá se candidatar em função das ações judiciais que responde. “Essas pessoas que dizem que eu não sou candidato deveriam ir lá na urna e votar contra mim. É assim que eles têm que me combater”, afirmou o petista.

Presente no ato, a ex-presidente Dilma Rousseff, foi recebida com os gritos de “Senadora” vindos do público. O canto empolgou o Lula que foi para a frente do palco e ergueu os braços como quem rege um coral. O simbolismo desse ato, leva a entender que há chances reais de Dilma mudar seu domicílio eleitoral para Minas e tentar disputar uma cadeira ao Senado pelo seu Estado natal, mas onde não mora há décadas.

Em seu discurso, Dilma  também partiu para o ataque ao governo de Michel Temer. A crítica às medidas impopulares do pemedebista parece ser a grande aposta dos petistas. “Eles deram um golpe parlamentar, mas eles não fizeram isso para serem bonzinhos. Fizeram isso para implantar uma agenda política que foi derrotada nas últimas quatro eleições presidenciais. Em pouco tempo eles tiraram a obrigatoriedade da Petrobras participar dos leilões do pré-sal, liberaram a venda de terras produtivas a estrangeiros sem qualquer restrição”, criticou Dilma que não fez comentários sobre uma possível candidatura no Estado.

Lula aproveitou um momento para alfinetar também o senador Aécio Neves (PSDB). “Teve um governador daqui que era contra a transposição do Rio São Francisco. E eu disse para ele. Se você gosta tanto do São Francisco, porque você não vai lá despoluir o rio das Velhas, que é seu principal afluente? Esse mesmo governador que não aceitou e agora está em uma situação difícil. Envergonhado”, disse.

Ao falar das conquistas sociais da classe C durante seu governo, Lula aproveitou da carência de mar do Estado. ‘Porque na meu governo, o mineiro pobre não tinha que ficar se banhando na lagoa da Pampulha. Ele passou a ir pro Rio de Janeiro, pro Nordeste, pro Espírito Santo. Porque pobre tem direito também de tomar banho de mar.

O Tempo

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