O designer de móveis Artur Moreira havia pedido US$ 1 milhão ao ex-bilionario, preso por corrupção
O imigrante Artur Moreira, natural de Governador Valadares (MG), residente em Newark, raspou a cabeça em “solidariedade” ao ex-bilionário mineiro Eike Batista, que foi preso em Nova York e trasladado ao Brasil. A fotografia foi postada em sua página no Facebook, com a legenda “Amigo é para essas coisas”. Além da cabeça raspada, Moreira exibiu, o que era antes uma barba espessa, um bigode fino.

Em entrevista à equipe de reportagem do BV, na terça-feira (31), ele explicou o motivo da postagem. Segundo o designer, tudo começou com a ideia de pedir US$ 1 milhão ao conterrâneo. A quantia seria utilizada para causas humanitárias, entretanto, com a prisão de Batista, Artur fez a homenagem para “fechar o ciclo”, uma vez que se tornou quase nula a possibilidade que ele se encontre pessoalmente com o ex-magnata ou receba qualquer doação.
“Famoso? Não é o meu negócio. Sou designer de móveis. Criei um conceito de ‘esculturas funcionais’. A fama como ‘Amigo do Eike’ não me ajuda nesse tipo de trabalho. Nunca usei o personagem para promover meus negócios. São coisas completamente diferentes. Sou o Artur Moreira, e existe, através de mim, o personagem ‘Amigo do Eike’, que faz as pessoas sorrirem. Isso, de passar a felicidade de alguma maneira, me faz bem. É por isso que dediquei e ainda dedico meu tempo a isso”, explicou.
Artur se tornou popular na comunidade de língua portuguesa no bairro do Ironbound por seus trabalhos filantrópicos nos EUA, Ásia e Brasil. Ele iniciou há alguns anos a campanha na qual pedia US$ 1 milhão ao Eike, que na ocasião estava no “auge” da fortuna e era considerado o homem mais rico do Brasil. Segundo Moreira, o dinheiro seria usado para a realização de obras de caridade. Ao longo da campanha, sempre barbudo e de cabelos compridos, o designer costumava tirar fotografias durante suas viagens pelo mundo em companhia de um boneco sósia, batizado de “Amigo do Eike” e as postava nas redes sociais.
. Encontro com Eike:
Em meados de 2015, a equipe de assessoria de Batista contatou Artur e marcou para que ele se encontrasse pessoalmente com o empresário no Rio de Janeiro. Entretanto, uma viagem imprevista de Eike ao exterior fez com que o encontro fosse cancelado e outra reunião não foi agendada. Atualmente, Moreira pondera que tenha sido melhor assim, pois, caso tivesse encontrado o ex-bilionário pessoalmente e recebido a doação, além da imagem comprometida, o designer poderia até enfrentar problemas com a justiça.
“Ele deu US$ 16 milhões ao Cabral e não me deu US$ 1 milhão!” Brincou ele. “Eu estou de gozação porque isso não condiz com o tipo de pessoa que eu sou. Caso ele tenha feito alguma coisa errada, tem que pagar, mas achei legal ele ter se entregado. Acho que ele se envolveu com as pessoas erradas. É humilhante. Ele tem um filho de três anos; imagine essa criança e a esposa dele, mas que a justiça seja feita e ele pague pelo que fez”.
. Corrupção generalizada:
Ainda em entrevista à equipe do BV, Artur demonstrou preocupação com a corrupção generalizada que assola o governo brasileiro. “As pessoas falam do (Sérgio) Cabral no Rio de Janeiro, mas isso está acontecendo em todos os estados. O Brasil precisa ser passado a limpo; o país está todo contaminado. Não acredito em dar nada para ninguém, pois creio na força transformadora do trabalho. Se você somente der; a pessoa se acomoda”, disse ele.
“Eu estou vendo a vida de muita gente se transformar por causa de uma simples iniciativa. As pessoas, geralmente, reclamam muito e agem pouco. Essa mentalidade tem que ser mudada e o que é bom compartilhado”, concluiu.
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