
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (27) a segunda fase da operação “Mar de Lama”, em Governador Valadares (MG). Sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos na cidade, cinco vereadores, entre eles o presidente da Câmara Municipal, Adauto Carteiro (PROS), e um gestor corporativo do Serviço Autônomo de Água de Esgoto (SAAE) do município, foram afastados de suas funções.
A nova fase da operação foi concentrada nos agentes do poder legislativo do município, que estariam recebendo propina para a votação e aprovação de projetos que eram de interesse da organização criminosa, investigada na operação. Além do presidente da Câmara, foram afastados os vereadores Leonardo Glória (PSD), Marcos Alves da Silva, o Chiquinho (PSDB), José Iderlan (PPS) e Isá Batista de Souza, o Cabo Isá (PMN), suplente do vereador Levi Vieira da Silva (PMN), afastado na primeira fase da operação, realizada no dia 11 de abril, quando a ação foi desencadeada para desarticular a organização criminosa instalada na prefeitura e no SAAE da cidade, apontando fraudes em licitações.
O delegado da PF, Cristiano Campidelli, disse que os nomes dos novos investigados foram descobertos através de uma espécie de contabilidade de propinas. “Dentre os nomes constantes nessa contabilidade de propinas, estão os nomes dos cinco vereadores e do gestor corporativo do Saae, afastados nesta data . E há nessa contabilidade 14 referências a essas pessoas, ligadas a valores.”
Segundo a PF, o valor das propinas variava para cada vereador e situação, com valores pagos entre R$ 2 mil e R$13 mil. O delegado ainda disse que o diretor geral do SAAE, Omir Quintino, seria o comandante da organização criminosa. Sobre o gestor corporativo da entidade, Cristiano Campidelli explicou que, durante a primeira fase da “Mar de Lama”, foram feitas buscas na sala do suspeito, na sede do SAAE. A polícia encontrou no local três envelopes, somando R$ 24 mil, que seriam recursos vindos de propina.
Entenda o caso
A primeira fase da operação “Mar de Lama” foi deflagrada no dia 11 deste mês, quando 20 agentes públicos foram afastados, dentre os quais oito dos 21 vereadores. Foram cumpridos também oito mandados de prisão. De acordo com a PF, a ação foi desencadeada para desarticular uma organização criminosa instalada na Prefeitura e no Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE). As investigações apontam que os envolvidos teriam se aproveitado dos estragos causados pela chuva no município em 2013 para fraudar licitações.
Ao todo, 13 vereadores da cidade e 13 agentes públicos encontram-se afastados de suas funções políticas e públicas. A PF não informou se a “Mar de Lama” terá novas fases, mas disse que estão sendo analisados todos os casos da primeira fase de investigações.
O delegado Cristiano Campidelli explicou que os vereadores envolvidos na investigação, já afastados dos cargos públicos, não têm ligação com as fraudes nos contratos públicos de licitações. “As investigações tiveram início para apurar fraudes em dispensas de licitação feitas com recursos da União, da ordem de R$ 4,7 milhões. Cerca de 80% desses R$ 4 milhões, em sua grande maioria, foi desviada, utilizados para financiar viagens e para comprar carros de luxo.”
O G1 procurou a Câmara de Vereadores de Governador Valadares e a prefeitura da cidade, que informaram que irão divulgar nota sobre o caso ainda nesta quarta-feira (27). As respectivas assessorias dos vereadores afastados também foram procuradas, mas não se manifestaram sobre o caso.
Do G1 Vales de Minas Gerais