
CAROLINA CAETANO
O vereador João Lázaro Moreira (PR), conhecido pelo apelido de João Porco, Cachoeira de Minas, no Sul de Minas, segue internado após ser baleado quatro vezes por um vizinho. Horas antes da tentativa de homicídio, o parlamentar de 55 anos havia ficado nu para protestar contra o bar do seu rival. A informação do estado de saúde do político foi confirmada na manhã desta quinta-feira (25) pela assessoria de imprensa do hospital em que ele se encontra.
A briga de vizinhos foi registrada nesse domingo (21). Durante a manhã, João Porco se irritou com o barulho no bar em frente a sua casa. Segundo ele, além da gritaria de clientes, o som alto e a fumaça da churrasqueira estavam incomodando sua família.
Ao reclamar, um cliente do estabelecimento teria dito: “tá folgado, hein, vereador vagabundo”. Em seguida, esse mesmo homem começou a provocar a vítima. Diante da situação e como forma de protesto, o vereador resolveu tirar toda a roupa e se expor para os frequentadores do bar, conforme consta no boletim de ocorrência da Polícia Militar.
Diante das provocações, uma viatura foi acionada para o local. Em conversa com o dono do bar, conhecido pelo apelido de “Traíra”, militares descobriram que o estabelecimento não possuía alvará de funcionamento. O comércio foi fechado e o proprietário orientado a procurar a prefeitura da cidade para regularizar a situação.
Ainda durante o registro da ocorrência, Traíra afirmou que desde dezembro João Porco está de implicância com ele. Devido ao impasse entre os vizinhos, os dois foram conduzidos à delegacia, onde foram ouvidos separadamente pelo delegado. Os homens foram informados que deveriam voltar à delegacia no primeiro dia útil após o domingo e puderam ir embora.
Cerca de uma hora após a finalização da ocorrência, policiais foram acionados novamente. Dessa vez, a companheira do político contou que o marido estava a caminho de Itaim, distrito de Cachoeira de Minas, onde a briga aconteceu, quando seu carro foi interceptado por Traíra.
FOTO: REPRODUCAO / EPTV |
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Carro interceptado por Traíra |
O suspeito de 42 anos, que estava acompanhado do filho de 19, jogou o veículo contra o parlamentar. Em seguida, o comerciante sacou uma arma e atirou três vezes na cabeça e uma no tórax da vítima. Logo após, ele e o jovem fugiram.
Militares estiveram na casa da família do atirador, fizeram contato com o rapaz, que negou o crime e afirmou que não sabia o paradeiro do pai. Até o início desta manhã, o agressor não havia sido localizado.
De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, o caso é investigado pelo delegado Daniel Leme Amaral, de Pouso Alegre. O homem ainda não se apresentou. A corporação não informou se foi solicitado à Justiça um mandado de prisão contra o suspeito, uma vez que o flagrante já passou.
Ainda conforme o policial, Traíra, que não tinha antecedentes criminais, pode responder por tentativa de homicídio qualificado por motivo torpe. Procurada pela reportagem de O TEMPO, a assessoria da Câmara Municipal de Cachoeira de Minas informou que não tem autorização da família para comentar o caso.
Brigas constantes entre vizinhos
O problema entre João Porco e Traíra não é recente. Durante o registro da primeira ocorrência no domingo, o parlamentar contou que já havia registrado ocorrência de pertubação do sossego, lesão corporal e ameaça contra o comerciante.
Após os disparos, João Porco foi socorrido e encaminhado ao Hospital das Clínicas Samuel Libânio, em Pouso Alegre. Ele está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) entubado e sedado. Seu estado de saúde é estável.
FOTO: REPRODUCAO / EPTV |
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Vereador briga com vizinho, fica nu e horas depois é baleado por rival |
Vitima e suspeito teriam outros problemas pessoais
Se por um lado, apenas os problemas em relação ao bar foram apontados como o motivo da briga no boletim da polícia, por outro, vizinhos da vítima e suspeito afirmam que eles têm outras situações problemáticas.
Segundo um morador de Itaim, João Porco e Traíra são primos e já brigavam antes mesmo da construção do bar.
“Os dois brigam há pelo menos dois anos. Um problema envolvendo as duas famílias se arrasta por esse período. Após a primeira briga, pensamos que tudo tivesse resolvido. Porém, em algumas situações, o João provocava o primo. Ele até que suportou tempo demais”, contou o homem, que pediu anonimato.
Nesta manhã, a reportagem tentou contato com as famílias, porém ninguém foi localizado para comentar o caso. De acordo com uma outra vizinha, após a confusão, a casa do político e o bar do comerciante permanecem fechados.
O Tempo