A comunidade dos que oram, dos que prezam pela seriedade no trato das coisas sagradas e dos que buscam na oração resposta para suas demandas, se abalou fortemente com a perda de um dos seus membros autênticos, um ícone seu.
A morte do pastor Idevaldo Caldeira, aos 67 anos, vítima de insuficiência cardíaca, no último sábado, é o silenciar de uma voz que ponderava sobre a direção absoluta de Deus em todos os aspectos da igreja. Era ele um arauto dos que buscam no joelho o avanço da Obra de Deus e no consagrar a vida a condição imprescindível para se ser instrumento do Mestre amado.
Idevaldo primava por uma mensagem de libertação daqueles que se dizem evangélicos mas nunca experimentaram mudança de vida. Ele não perdia uma oportunidade para exortar à santidade. Falar sobre a volta de Jesus não era raro em suas mensagens. Teologismos e exibicionismos tupiniquins não o encantavam. Ele buscava a rotina dos apóstolos do passado e manter comunhão com Cristo era uma de suas marcas.
Idevaldo, em algumas vezes, era temido pelo que poderia dizer quando empunhava um microfone. Em silêncio, no púlpito, cabisbaixo, ele orava durante o culto e, quando abria a boca, tinha sempre algo forte para dizer ao povo. De fala firme não titubeava em entregar à igreja o que recebesse de Deus.
Idevaldo não era um pinguim; ele gostava de fogo e se dependesse de sua intercessão este fogo não se apagaria. Brincalhão, sabia ser sério quando brincar era sair do espírito.
Pastor Idevaldo não hesitava em condenar modismos e “adaptações” que tem sido toleradas mudando a cara de muitos ministérios. Seu nome não foi para as rodinhas de sarcasmos onde a integridade e conduta de homens tidos como de Deus têm suas imagens chamuscadas pela dúvida quanto a uma vida que se pode ter como exemplo para quem se diz líder.
Aqueles que precisavam de oração, daquela oração de resultados, maioria das vezes seguida de jejuns, viam em Idevaldo um amigo pronto para ajudar neste sentido. Não media esforços para auxiliar nos trabalhos das igrejas que o procuravam para pedir apoio. Era comum vê-lo de terno à tarde, indo ou regressando de um culto tipo Tarde da Bênção ou Culto de Libertação.
Na Assembleia de Deus do bairro Olaria, onde congregava, fez história. Durante muitos anos foi o responsável pelos Cultos de Libertação, definição que não agradou determinadas alas do minisitério mas que, nem por isto, abateu seu precursor. Um dos últimos trabalhos desta natureza que dirigiu foi na Assembleia de Deus do bairro Alvorada.
O homem Idevaldo que orava, o fazia com fé e amava desafios. “Vê se a dor está ai ainda”, dizia sempre a alguém que recebesse sua oração por uma dor ou enfermidade. O pastor que não se envaideceu por ser pastor e nem deixou de ser servo porque pastor passou a ser, morreu com problemas no coração, onde guardava muita gente, onde arquivava muitos conselhos para desavisados e neófitos.
Idevaldo não se apaga no tempo e nem a terra que sobre sua urna repousa ofusca sua trajetória como homem e servo de Deus. Certamente não se poderá escrever a história da igreja Assembleia de Deus do bairro Olaria sem citar seu nome, a não ser que se delibere cometer injustiça. Sua postura de reflexivo atestava sua proximidade com o altíssimo. A partida deste servo de Deus desfalca, sem dúvida, um exército que, a cada dia, deve correr para as orações a fim de obter suas vitórias. Amigos tantos vão se sentir órfãos quando os momentos difíceis baterem em suas portas e lembrarem que não têm o ombro amigo de Idevaldo para amparar-lhes com orações e propósitos. Um soldado que se foi e cuja farda ficou pendurada bem na vista dos seus pares. Suas batalhas reverberarão nos resultados colhidos até mesmo por aqueles que dele faziam pouco caso. Aliás, muito caso dele faziam os necessitados.
As Tardes das Bênção e os Cultos de Libertação terão, sempre, a marca de Idevaldo pelo que ele fez a favor deste tipo de atividade. Ele orava. O silêncio de sua voz irá, certamente, ser o grito da saudade a reverberar nos ouvidos dos amigos e de todos que com ele conviveram.
No rolar das lágrimas dos que rodearam o caixão com seu corpo estava o grito da dor da partida de quem marcou presença enquanto viveu. Há vivos que, quando morrem, nos fazem lembrar que nunca viveram. Há mortos que nos fazem desejar que a morte nunca estivesse viva para tê-los alcançado. O homem que orava, o Idevaldo, é um deles.
Obrigado Silas pelo texto editado, foi confortante ler em seu relato, tudo o que sentimos e não conseguimos expressar. A dor que sentimos com esta perca é demasiada e que nos deixam paralisados e sem argumentações. Obrigado pelo seu empenho e carinho. Que Deus te abençoe ricamente.
vai fazer muita falta,pq esse ai era exemplo mesmo viu…
homem de Deus de verdade… que Deus conforte toda familia
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