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Em uma reunião na Câmara Municipal, na tarde desta segunda-feira (3) o prefeito Keisson Drumond (PT) tranquilizou a população, garantindo que o posto de saúde que funciona no bairro Olaria, conhecido por UPA, continuará atendendo 24 horas, contrariando informações que circularam na cidade, segundo as quais o posto passaria, a partir do dia 3 de agosto, a não atender mais no período noturno.

Diversos membros da comunidade estavam presentes, maioria dos quais atendendo convite do padre Sérgio Henrique Gonçalves, da Igreja São Sebastião, no Centro-Sul, que em uma missa, disse que se sentia muito preocupado com os rumores de que o atendimento na UPA seria restringido. O religioso, segundo alguns que estavam presentes, teria, então, convocado os fiéis para estarem, nesta segunda-feira, no plenário da Câmara Municipal, para ouvirem o prefeito, convocado pelo presidente da casa, vereador Moacir de Castro (PTB). Falava-se, antes de iniciada a reunião, que o padre promoveria um protesto contra a situação, mas não se confirmou a informação e ele apenas fez uso da palavra, quando interpelou o prefeito sobre a veracidade da informação.


Polido, e de fala didática, o sacerdote iniciou sua interpelação citando a segunda parte do versículo 10, do capítulo 10, do livro de João, que diz; “…eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. O religioso preocupava-se com a vida e a abundância que estavam em risco diante de uma informação que, se verdadeira fosse, seria a lápide da história de um menino que cresceu em Timóteo, foi presidente de associação de bairro, foi vereador e é prefeito. Se tal acontecesse talvez o padre rezasse por uma ressurreição, mas não parece que essa seria a atitude dele que teria, neste caso, visto muitos dos seus fiéis baterem na porta de uma UPA fechada. Aliás, falando em porta fechada, o sacerdote lembrou que as portas do gabinete do prefeito não se abriram para ele “há duas semanas”, quando solicitou à secretária do Chefe do Executivo uma audiência com ele e não obteve retorno. Padre Sérgio sugeriu a Keisson que buscasse uma alternativa para que as portas do posto do bairro Olaria não fossem fechadas. O prefeito não beijou a mão do sacerdote que não estava ali para uma festa do tipo daquela da Lagoa do Bispo, mas buscando, de um homem público, uma explicação para uma possibilidade que, até aquele momento, não havia merecido uma manifestação pública do prefeito.
A resposta veio bem prodigiosa em uma fala bem prolixa, que lembrava, na sua extensão, o ex-senador Eduardo Suplicy. Keisson fez considerações sobre a pergunta do sacerdote, identificou o hospital São Camilo como responsável por parte da situação da saúde no município e prometeu ao padre, e parte dos seus fiéis ali presente, que a UPA não seria fechada à noite. Neste instante, provavelmente o paraíso se abriu novamente para o sacerdote que dividiu, por alguns dias, suas preocupações de responsável por uma paróquia com a UPA. Padre Sérgio não deu um pulo de alegria mas, no final, se disse satisfeito com a explicação do prefeito. Bom, pelo menos, o fechamento da UPA não será motivo para o prefeito ser considerado candidato ao lugar contrário ao céu. Ceu, aliás, foi construído pelo prefeito, em um Vale Verde, que não se pode afirmar ser verde, como também afirmar que a Praça das Flores no bairro Primavera seja praça com flores.


O prefeito deixou implícito que o fechamento da UPA chegou a ser cogitado. Ele não se apressou a negar os rumores neste sentido e, quando o fazia, acrescentava que era preciso estudar formas de cortar gastos. O político disse que, durante a noite, “são apenas cerca de dez pessoas atendidas ali naquela unidade de saúde”, dando a entender que a quantidade não justifica a continuidade dos serviços no período.
A negativa do prefeito não lhe foi atribuída como mérito por muitas das pessoas que estavam presentes. Algumas delas disseram acreditar que o prefeito “voltou atrás” na sua decisão devido à pressão popular. Bom, o padre, os fiéis, o Facebook e tantas outras forças atuaram, sim. Se é verdade ou não que a Administração nunca pensou em limitar o atendimento noturno à população na UPA, só Deus sabe. Nem Sérgio Henrique ouviu, quem sabe, uma confissão neste sentido.


Em uma entrevista ao Blog do Silas, Keisson afirmou que os rumores sobre o fechamento da UPA é obra de adversários políticos. Segundo ele, há, sim, estudos sobre corte de gastos. Instado a responder mais objetivamente, o prefeito disse que o anunciado fechamento é boato. Deixar aberto é bom ato.
Durante a reunião, que teve água e cafezinho para os nobres parlamentares, o hospital São Camilo foi citado pelo prefeito e por vereadores que deixaram em dúvida a aplicação correta dos recursos destinados ao atendimento da população por parte do hospital. O vereador Moacir de Castro revelou que existe uma audiência pública agendada pelos edis para tratar deste assunto. Outros vereadores quiseram ser pai da criança, ou melhor, da audiência, mas o presidente Moacir foi enfático em chamar para sua presidência a paternidade do encontro. Pelo que se depreende do calor das discussões, não haverá aborto no caso.


Algumas pessoas, além de políticos, fizeram considerações sobre a questão da saúde no município, cobrando atenção das autoridades. Uma moradora do bairro Primavera, por exemplo, foi dura em sua abordagem ao prefeito e expôs a situação que o bairro vive no momento com relação ao atendimento no posto de saúde local. A jovem, cobiçável como cabo eleitoral, não poupou palavras e despejou sua indignação. Quando ela afirmou que no posto do Primavera “não tem nem dipirona” , um secretário da atual Administração olhou para o outro como alguém que talvez quisesse dizer: “que vergonha a gente ter que ouvir isso”. Ouviu e Tatimara, que parece não brigar se for chamada de Taty, cobrou, da sua forma, justificativa para o caos em pleno frio em um Primavera. Taty não engoliu a resposta que lhe foi dada por uma secretária que “socorreu” o prefeito. Após a reunião, disse que saía dali sem resposta para os seus questionamentos. “Viu, o prefeito não me respondeu”, disse. A participação da moradora de um dos maiores bairros de Timóteo lhe rendeu elogios e uma imaginação muito fortuita. “Se eu ganhasse 1 real de cada pessoa que veio me parabenizar e pegar na minha mão pelo que eu falei, uma hora dessa eu estava rica”, imaginou Tatimara, modesta na quantia. Parece que não foi pouca gente que a cumprimentou, pois um real não paga nem a Dipirona que falta para a população do bairro da jovem.


O prefeito Keisson, talvez providencialmente, estava acompanhado por vários secretários, alguns dos quais o auxiliaram em informações, publicamente, inclusive com relação a números.
Não houve nenhuma manifestação de hostilidade a Chefe do Executivo, que deixou o local em direção ao Fórum da cidade, para outro compromisso, após uma entrevista coletiva a alguns órgãos de imprensa presentes. Até que foi um teste para quem vem sendo bombardeado nas redes sociais. Por falar em hostilidade, o contrário disso aconteceu. Um senhor, pelo que parece muito conhecido, protegeu o prefeito em tão larga medida que, em determinado momento, quis saber de um órgão de informação “quem o teria dado autorização para fazer perguntas ao prefeito”. Quem constrói ceu merece um anjo deste.





